CRIME Ações das quadrilhas miravam R$ 160 milhões, porém, não obtiveram sucesso
Bryan Belati
As quadrilhas, especializada em mega-assaltos a agências bancárias, como o que aconteceu em Araçatuba (SP), na madrugada de 30 de agosto do ano passado, planejaram roubos que, somados, resultariam em um desfalque de R$ 160 milhões em 2021, segundo um levantamento feito pelo UOL.
A reportagem conversou com especialistas, que alertam para a importância de a Polícia e as demais autoridades, apurarem as ações promovidas contra esse tipo de crime organizado, principalmente aquelas sem sobreviventes. Pois, nestes casos, é possível que tenha havido fraude processual.
Em 2021, 46 pessoas foram mortas em tentativas de crimes do “novo cangaço”, sendo 44 delas suspeitas de integrar essas ações, abatidos em confronto com as forças de segurança.
ARAÇATUBA
O mega-assalto que aconteceu em Araçatuba é considerado como uma ação emblemática, pois ilustra a frustração de um roubo milionário aos moldes praticados pelas quadrilhas. De acordo com fontes ligadas à polícia, o objetivo da organização criminosa era levar R$ 90 milhões de uma central de distribuição de cédulas dentro da agência do Banco do Brasil.
Porém, os criminosos não contavam com o acionamento de um mecanismo de destruição das notas com lâmina e tinta, o qual impediu que o assalto fosse consumado. A estimativa dos investigadores é que o grupo tenha roubado apenas R$ 2 milhões em dinheiro vivo e R$ 5 milhões em joias.
Em investigação, a Polícia Federal já prendeu 32 pessoas por suspeita de participação no crime, sendo 15 delas detidas em uma ação no dia 16 de dezembro, após mandados expedidos pela 1ª Vara Federal de Araçatuba.
Apontado como um dos chefões do ataque, o ex-militar Ademir Luís Rondon foi incriminado após a identificação de material genético dele em um veículo responsável pelo armazenamento de armas e explosivos da quadrilha.
Rondon foi preso pela Polícia Civil em outubro por suspeita de participar de um ataque a um carro-forte em São Carlos (SP). A voz dele foi identificada em áudios captados por interferência de rádio amador na ação de Araçatuba (SP).
Edson Ramos, membro do conselho do Fórum do Brasileiro de Segurança Pública e professor da Universidade Federal do Pará, disse ao UOL em entrevista que houve aprimoramento na atuação das forças de segurança, que passaram a priorizar investigações, deixando a atuação ostensiva em segundo plano.
Ele explica que existe uma comunicação envolvendo as instituições financeiras e a própria polícia, facilitando as investigações. E, quando a investigação antecipa a ação, geralmente não há sobreviventes, pois os grupos não estão ali apenas pela movimentação financeira, mas também para criar um espetáculo e ganhar notoriedade.
“Os roubos foram frustrados neste ano por causa das ações da polícia e dos próprios bancos, que agora têm esses picadores de dinheiro, por exemplo. A tendência é que esse tipo de crime diminua ou até acabe, porque há um gasto elevado para conseguir armas de grosso calibre e preparar uma ação de alto risco e retorno baixo. Com a queda do lucro, a tendência é que esses criminosos migrem para outros crimes.", reitera o especialista.
MORTES
De todas as ações efetuadas por quadrilhas do “novo cangaço” no ano passado, o mega-assalto de Araçatuba foi apontado como um dos mais violentos nos últimos anos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também por ter sido o que teve a maior quantidade de explosivos espalhados pelo território. Três pessoas foram mortas.
Já na cidade de Varginha, em Minas Gerais, houve 26 mortos. A operação policial de 31 de outubro, a mais letal contra o "novo cangaço", deixou 26 suspeitos mortos em um sítio, apontado como do baixo escalão da quadrilha. No estado de Mato Grosso, em Nova Bandeirantes, após um roubo aos moldes do "novo cangaço" no dia 4 de junho, nove suspeitos de envolvimento foram mortos em confrontos com a polícia, que recuperou R$ 500 mil do valor roubado.
Por último, em Araçu, Goiás, 8 pessoas morreram. Um áudio pelo WhatsApp para recrutar comparsas motivou a ação da PM em uma chácara, onde estavam os suspeitos mortos. "Vamos buscar o time completo", disse um dos suspeitos, que iria procurar comparsas em SP. Ao menos três dos mortos já foram condenados por crimes como assalto a mão armada, extorsão, organização criminosa e receptação.
*Com informações da UOL
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