Três projetos foram inscritos pela escola, com a supervisão do professor Ricardo Hidalgo Santim; alunos utilizaram a ferramenta micro bit, micro computador de programação
Bryan Belati
A tecnologia possibilita que a imaginação ganhe diferentes formatos por meio de ferramentas e softwares. E foi por meio da robótica que os alunos do Colégio Criando Asas, de Birigui (SP), foram premiados no desafio “Do Your Bit”, promovido pela Micro Bit Foundation, em parceria com a BBC de Londres, ficando em segundo lugar. O projeto ganhador foi desenvolvido com o intuito de controlar a entrada e saída dos alunos na escola, seguindo os protocolos sanitários.
As escolas ganhadoras foram avisadas com antecedência sobre a premiação. No entanto, a informação foi divulgada ao público ontem (21), no site da fundação. Uma das equipes biriguienses foi a única equipe brasileira a ser premiada no evento, com um protótipo de controle sanitário de pessoas em locais fechados utilizando papelão e sensores.
Para cada parte do continente, America Latina (correspondente à América do Sul e América Central) e América do Norte foram divididas para que contemplassem as categorias do evento, sendo a primeira de 8 a 14 anos, a qual as equipes de Birigui concorreram, e a segunda de 15 a 18 anos.
Dentre as faixas etárias, foram estabelecidas duas subcategorias, as quais separavam os projetos dentre os que utilizaram a placa física de micro bit e a digital. É possível ter acesso à ferramenta virtualmente, pois ela é disponibilizada pela entidade em seu site oficial.
Segundo o professor Ricardo Hidalgo Santim, ele foi informado sobre os ganhadores do evento no mesmo dia em que testou positivo para a Covid-19. Por isso, não conseguiu comemorar com os alunos. Por isso, a notícia foi dada pela programação.
Após mais de duas semanas de isolamento, o educador retornou ontem (21), à escola e reencontrou todos os alunos, que esperavam por ele para comemorar a vitória. “Foi uma alegria imensa, principalmente pela oportunidade de mostrar aos alunos a importância do trabalho em equipe e da coletividade de ideias”, relata o professor.

PROJETOS
Três equipes foram inscritas na competição, todas do 3º ciclo da instituição - equivalente a alunos do 5º e 6º ano. O professor de robótica Ricardo Hidalgo Santim, 34 anos, foi quem orientou os alunos no desenvolvimento dos projetos. Segundo ele, cada grupo se organizou por áreas de interesse e afinidade.
Todas as equipes utilizaram o micro bit para desenvolver as ideias. Trata-se de um pequeno computador programável de bolso, criado pela BBC do Reino Unido. A ferramenta tem um tamanho menor que um cartão de crédito, e foi desenvolvida com o objetivo de despertar o interesse de crianças e adolescentes por programação.
De acordo com Santim, a ferramenta foi introduzida em sala de aula esse ano no Colégio Criando Asas, a qual foi descoberta por ele em um grupo de entusiastas da tecnologia educacional em uma rede social.
O primeiro projeto, das alunas Júlia e Sofia, foi um protótipo de senha no qual elas usavam os próprios botões do microbit para criar uma sequência chance para servir como tranca. Elas tinham a expectativa de aplicar o projeto em um futuro armário, mas a ideia inicial foi o cadeado eletrônico.
Já o segundo, outra dupla de meninas, desta vez Maria Luísa e Luiza, fez um protótipo de armário utilizando o microbit como ferramenta de chave eletrônica, com uma senha e uma trava.
O terceiro projeto, o ganhador, foi um trio, composto pelos estudantes Antônio, Rafael e Vinícius. Eles desenvolveram um protótipo de controlador de pessoas em espaços públicos. Os pequenos programadores utilizaram a placa para receber informações e dar feedback sobre a movimentação.
De início, foi criado um pedal utilizando papelão com um sensor. Esse sensor possui um fio condutor, que contabiliza a entrada das pessoas ao pisarem no material. Quando alguém sai, também contabiliza, ou seja, o micro bit faz a contagem de entradas, subtrai as saídas e fornece o número exato de pessoas que estão no prédio em tempo real.
“Com todas as restrições e os protocolos sanitários, nós aproveitamos a ideia e inserimos um alerta de lotação máxima. Assim, quando atingir esse número, um alarme será acionado e alertará a escola de que ninguém mais pode entrar”, explica o professor. Segundo Santim, esse sistema também ajuda a instituição a contabilizar quantas pessoas tem no refeitório da escola, que saíram para o intervalo e que estão junto das outras turmas.
Após a conclusão do projeto, o professor e os alunos produziram registros em foto e vídeo, além de materiais em texto explicando a ideia, a justificativa da iniciativa e o apelo sustentável, e enviaram à organização da Micro Bit Foundation.
De acordo com ele, a organização autorizou que todos os participantes enviassem os projetos em língua nativa, para valorizar o alcance global que o desafio “Do Your Bit” alcançou.
Porém, ao serem informados sobre a vitória, os alunos elaboraram um e-mail durante as aulas de inglês para agradecer pela participação e pelo reconhecimento do projeto da escola biriguiense.
INICIATIVA
A Micro Bit Educational Foundation é uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido. Fundada em 18 de outubro de 2016, sob a missão de orientar e apoiar programas educacionais excepcionais em todo o mundo.
Estabeleceu-se com o apoio dos membros fundadores para garantir um legado para o projeto original da BBC Make It Digital. No qual um milhão de micro bits foram disponibilizados a crianças em idade escolar.

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