
Derivada da cana-de-açúcar, a bebida faz parte da história do Brasil, sendo a segunda mais consumida pelos brasileiros e um dos destilados de maior consumo a nível mundial
O Dia Nacional da Cachaça é celebrado em 13 de setembro. Com uma carga simbólica muito grande para a cultura e identidade brasileira, é uma das bebidas destiladas de maior consumo a nível mundial.
A criação da data foi uma iniciativa do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), instituída em junho de 2009. Ainda existe um projeto de lei do deputado Valdir Colatto e que foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, em outubro de 2010, com o objetivo de oficializar a comemoração. Esse dia foi escolhido em homenagem a data em que a cachaça passou a ser oficialmente liberada para a fabricação e venda no Brasil, em 13 de setembro de 1661.
Esta legalização, no entanto, só foi possível após uma revolta popular contra as imposições da Coroa portuguesa, conhecida como "Revolta da Cachaça", ocorrida no Rio de Janeiro.
HISTÓRIA E TRADIÇÃO
Bebida típica e exclusiva do Brasil e derivada da cana-de-açúcar, a cachaça tem sua história ligada à do próprio país e pode ser considerada o primeiro destilado das Américas, tendo sido produzida, pela primeira vez, de forma intencional, em algum engenho de açúcar do litoral Brasileiro, entre os anos de 1516 e 1532, antes mesmo do aparecimento do Pisco, da Tequila e do Rum. Ela é utilizada principalmente para a confecção da caipirinha, uma bebida típica do país. Atualmente, existem diferentes variantes da cachaça e com diferentes sabores.
A história remonta ao ano de 1630, quando os portugueses notaram que o mercado da cachaça crescia e o produto tomava o lugar da bagaceira, produzido por eles a partir do bagaço da uva. Em 1635, o rei de Portugal proibiu a produção e comercialização da cachaça com o objetivo de incentivar o consumo da bagaceira.
A pouca fiscalização permitiu a continuidade do comércio da cachaça e, em 1659, um novo decreto real proibiu o comércio da bebida, com os portugueses apertando o cerco aos produtores com ameaças de deportação, apreensão do produto e destruição dos alambiques. Em 1660, os produtores fluminenses lideraram uma rebelião e tomaram o governo da cidade. Era a Revolta da Cachaça, movimento que abriu caminho para a legalização da cachaça, que ocorreu em 13 de setembro de 1661, por Ordem Régia.

Por isso, todo o dia 13 de setembro se comemora o Dia Nacional da Cachaça como uma forma de relembrarmos os tempos de um Brasil colonial, quando o destilado era símbolo de resistência contra a dominação portuguesa.
Hoje, apesar dos inúmeros desafios, esse símbolo nacional evoluiu, e chegou ao século XXI ocupando posição de destaque, com qualidade comparável à dos melhores destilados produzidos mundialmente.
O caminho rumo à valorização da bebida tem sido longo, mas está em um estágio melhor do que já foi, principalmente devido à valorização no Brasil, nos últimos anos, de produtos tradicionais.
MERCADO
O Brasil produz aproximadamente 1,2 bilhões de litros de cachaça por ano e o maior produtor de cachaça no Brasil industrial é o estado de São Paulo, seguido de Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba. Por sua vez, Minas e Rio lideram a produção de cachaça artesanal. A bebida brasileira é exportada para mais de 60 países, sendo a Alemanha responsável por aproximadamente 30% da sua importação.
Já em relação aos números ao redor da cachaça, os estabelecimentos produtores de Cachaça e de Aguardente registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), cresceram 4,14 % no último ano. O número em 2020 foi de 1.131 e em 2019 de 1.086.
Mesmo com as diversas opções de destilados no mercado e com o fechamento dos bares por conta da Pandemia do Novo Coronavírus, o setor conseguiu resistir e registrou até crescimento no ano passado. Em 2020 sofreu queda de 21,7% em volume, mas este ano as vendas estão em alta novamente.
Além disso, a cachaça é a segunda bebida mais consumida no Brasil. Em volume, representa 7% de participação do mercado brasileiro de bebidas alcoólicas e 72% do mercado de destilados no país. Ela é também o segmento responsável pela geração de mais de 600 mil empregos diretos e indiretos e a quarta bebida mais consumida no mundo. Em 2019, foram US$ 14,45 milhões favoráveis à balança comercial.

*Renata Pardo, estudante de jornalismo e estagiária da redação da Folha da Região
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