Economia

Com governo ‘fraco’, liberais defendem que Paulo Guedes abandone reformas

Por Redação | 05/09/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Aprovação da reforma no Imposto de Renda 'a toque de caixa' na Câmara nesta semana surpreendeu especialistas (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
Aprovação da reforma no Imposto de Renda 'a toque de caixa' na Câmara nesta semana surpreendeu especialistas (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Pior do que está dá para ficar. Essa é a avaliação de economistas que viam como positiva a agenda de reformas proposta pela equipe econômica e que, agora, enxergam risco de retrocesso diante da fragilidade de Bolsonaro e da influência das eleições de 2022 nas decisões do governo.

Pelo menos dois elementos hoje tornam o ambiente em Brasília desfavorável à aprovação de reformas, pontua o economista sênior da MCM Consultores Mauro Schneider.

Primeiro, um governo enfraquecido —como é o caso de Bolsonaro, com índice de aprovação na casa dos 24%— é menos propenso a desagradar determinados setores e, por isso, é mais permeável a pressões.

"As reformas sempre implicam em perdas e ganhos. O objetivo, no fim, é gerar um resultado líquido favorável ao país, mas, na maior parte das vezes, alguém perde para uma maioria ganhar. Um governo enfraquecido é muito mais sensível a isso", ele pondera.

O segundo ponto é a aproximação do ciclo eleitoral, quando os governos, especialmente aqueles que não gozam de amplo apoio, têm a "tentação de considerar como prioritários os projetos que resultem em maiores ganhos eleitorais".

IMPOSTO DE RENDA

É o que parece ter acontecido com a reforma do Imposto de Renda, ele exemplifica. Depois de um vai-vem com pressões feitas por diversos grupos, o texto aprovado nesta quarta-feira (1º) na Câmara dos Deputados cria ainda mais distorções no sistema tributário, segundo especialistas.

Para além da piora da proposta inicial, a própria decisão de pautar a reforma do IR seria um indicativo de que o ciclo eleitoral é de fato a prioridade do governo, já que há outras propostas no Congresso consideradas mais importantes para o esforço de simplificação do sistema tributário, como a reforma dos impostos sobre consumo, como ICMS e PIS/ Cofins.

"Aqueles que têm criticado dizem que o IR entrou na frente porque geraria o benefício de agradar a classe média", diz Schneider à BBC News Brasil.

Em relatório enviado a clientes da consultoria no fim de agosto, o economista avalia que seria melhor paralisar a agenda de reformas "para se evitar o risco de aprovação de medidas que provoquem uma piora do ambiente econômico no país".

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