
Diogo e Emília decidem aderir à prática após descobrirem que um casal de amigos vive em plena harmonia com um relacionamento aberto; narrativa é um remake de um filme argentino de mesmo nome
Bryan Belati
Dois casais, com relacionamentos duradouros e uma vida estabelecida, decidem apimentar a relação e aderir ao swing, termo utilizado para a prática de troca de casais. Esse é o enredo por trás da comédia “Dois + Dois”, que estreou nos cinemas de todo o país na última semana e conta com Marcelo Serrado e Carol Castro no elenco.
Diogo e Emília, personagens de Serrado e Castro, têm uma filha adolescente e estão juntos há 16 anos. Mas o relacionamento passa por uma fase entediante. No entanto, tudo muda quando eles descobrem que os melhores amigos, Ricardo e Betina, têm um casamento aberto.
Mais do que isso, são adeptos da prática de troca de casais, vivem super seguros com a escolha e tentam convencê-los de que é possível ser muito feliz levando esse estilo de vida, digamos, mais liberal.
A notícia cai como uma bomba. Depois de reagir mal à ideia, Emília se anima e convence Diogo a pelo menos ir a uma festa com a "turma" de Ricardo e Betina. É aí que começa uma série de acontecimentos que vai abalar a vidinha mais ou menos do casal. Será que eles vão deixar o ciúmes de lado e acabar aderindo à prática?
FILME
De acordo com os atores, a produção não trata a troca de casais pelo nome mais popular, suruba. Na trama, a apresentadora da previsão do tempo Emília (Castro) prefere falar em “intercâmbio de casais”. É dessa forma que a personagem tenta convencer o marido, o cirurgião cardiovascular Diogo (Serrado), a entrar na aventura.
“Isso é o ponto de partida para abordarmos camadas que falam de paixão, lealdade, fidelidade e machismo. Na verdade, é uma grande história de amor. O que mais me inspirou foi usar sexualidade como questionamento”, avalia o diretor do longa Marcelo Saback ao site Notícias da TV.

Para vivenciar uma vida nova sem direito a ciúme, Emília e Diogo recorrem à vasta experiência do casal de amigos Ricardo (Marcelo Laham) e Bettina (Roberta Rodrigues). São eles os responsáveis por levar os colegas às casas de swing.
“As pessoas devem se identificar com todos os personagens. Há o desgaste de uma relação [Diogo e Emília] que gera identificação. O meu personagem, que queria estar com a esposa, acaba fazendo coisas que são mais humanas do que podemos imaginar”, contou o ator.
Nesse processo de autoconhecimento, os casais de amigos acabam se relacionando entre eles. E o que surge dessa aproximação sexual é o pontapé inicial para uma série de mudanças na vida deles.
Em jogo estão o medo de perder a pessoa amada, a competição entre homens e mulheres, a diferença de idade dos parceiros e a insegurança. Mas também entram em cena a paixão, o tesão e a busca por novidades para apimentar a relação.
“O longa evidencia que você pode se permitir, mas seus atos terão consequências. Se não for bem resolvido em questões como a posse do outro, por exemplo, acaba virando solidão”, reforça Saback, que ouviu muitos relatos de quem é adepto de relações abertas. “Mais comum do que imaginava.”
A narrativa é um remake de um filme argentino de mesmo nome. O diretor, porém, conta que quis “abrasileirar” a história, que na versão dos hermanos era muito mais picante.
“A sexualidade também deve ser considerada pelo lado feminino. Somos um país machista e precisamos quebrar essas barreiras. O desafio foi conseguir chegar nesse ponto onde a questão é levantada e não escondida, e sem puxar para o vulgar”, diz.
Mesmo assim, há muitas cenas sensuais no filme, com nudez branda. Nada que tenha sido um problema para os atores. Pelo contrário: o tapa-sexo, peça que é colocada nas partes íntimas na hora de gravar, virou o centro das atenções.
“A gente conversou muito, ensaiou com roupa de ginástica. Tinha uma coreógrafa que nos ajudou. A equipe era reduzida e todas as cenas desse tipo foram gravadas mais para o fim do longa. Mas a gente ria toda hora, principalmente do tapa-sexo do Serrado”, conta Carol.
“Vinha toda hora um maquiador para ajeitar meu tapa-sexo, que tinha esparadrapo. Aquilo machucava e quando eu movimentava ficava morrendo de dor”, ri Serrado.
Mesmo com o tom bem puxado para a comédia, em certo momento o filme pende para o drama, ainda que por pouco tempo. A ideia do diretor era fugir do falso moralismo, sobretudo nas cenas finais.
“O filme argentino tinha um final moralista e eu queria um desfecho diferente. Não quis taxar nenhuma forma de conduta, nunca foi nossa pretensão. A comédia pode levantar assuntos pertinentes e promover a liberdade de escolhas”, destaca.
Para os atores, falar de um tema que ainda hoje é tabu (sexo grupal, troca de casais) de forma leve valeu a pena. Eles contam o que esperam da recepção do público e da reflexão que o longa pode trazer.

“As mulheres estão conseguindo se desamarrar dos conceitos mais machistas. As novas gerações são mais livres. A gente tem que se reeducar. Quando digo que não me vejo fazendo [swing], não tenho preconceito algum, só não tenho vontade. O filme mostra que cada vez mais a mulher pode se colocar e fazer o que quiser e não deveria ser julgada”, opina Carol Castro.
“Eu não conseguiria fazer. Sou parecida com minha personagem no início, mais caretinha. Minhas amigas beijavam dois e eu já achava um absurdo. Eu quando namoro eu caso, monogamia fica viva em mim. Não teria inteligência emocional, já é difícil administrar um”, diverte-se a atriz, que namora o ator Bruno Cabrerizo, 42.
“Eu nunca participei de swing, nunca fui em casa desse tipo, mas tenho total clareza que existe uma curiosidade. O povo brasileiro tem uma caretice escondida por atrás do Carnaval, uma hipocrisia. Nossa preocupação era mostrar esse universo com bom gosto, diversão e sofisticação”, conclui Laham.
*Com informações do Notícias da TV
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