Tiago Lotto
A Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Recicláveis de Araçatuba (Acrepom) comemorou ontem (7) 25 anos de existência. Fundada no dia 7 de julho de 1996, a entidade surgiu a partir de uma preocupação do Centro de Direitos Humanos em parceria com a Pastoral da Juventude, ambos da Igreja Católica.
Para comemorar o aniversário, os gestores da Acrepom levaram os associados a um restaurante, onde houve um almoço comemorativo. O almoço seguiu as regras sanitárias de enfrentamento ao Coronavírus.O atual presidente da Acrepom, Lázaro Eduardo Pereira, disse que o almoço reuniu antigas assistentes sociais e antigas psicólogas que trabalharam na associação.
Integrante dos movimentos católicos na época, a atual vice-prefeita de Araçatuba, Edna Flor, foi a fundadora da Acrepom. "A Campanha da Fraternidade de 1995 teve o tema Os Excluídos. Na época, cerca de 100 catadores viviam em condições precárias, dormindo pelas ruas ou praçasou nos fundos de depósitos, ao lado de papelão e outros materiais, totalmente expostos à chuva, frio e em situação de total insalubridade. Criar a associação foi uma busca da cidadania e de resgate da dignidade das pessoas que estavam excluídas", lembrou a fundadora.
Segundo o presidente Lázaro, a associação atua como uma cooperativa."Tudo o que é arrecadado é destinado à indústria de transformação e o valor é dividido entre os associados", disse o presidente. Hoje a Acrepom conta com 30 associados, sendo que quatro deles estão afastados por problemas de saúde. Além da renda mensal, eles recebem assistência médica, odontológica, moradia e vestuário.
O salário mensal de um catador em Araçatuba gira em torno de R$ 1.600,00. Antes da pandemia, a coleta mensal era de 220 toneladas. Hoje são 70 toneladas por mês. "Com a pandemia, muitos catadores não associados foram para as ruas e passaram a recolher o reciclável, fazendo nossa quantidade baixar. O mais importante é que o preço do papelão subiu, então não houve queda no salário dos associados", completou Lázaro.
Para a fundadora Edna Flor, a Acrepom cumpre um importante papel social. "São vidas que preservam o meio ambiente, são vidas que sobrevivem do recolhimento de materiais recicláveis das ruas. São 25 anos reciclando vidas. Agradeço à todos que ajudaram durante essa jornada", completou a fundadora da associação.
NOVA SEDE
Edna Flor e Lázaro Pereira divulgaram ontem que a Acrepom irá mudar de endereço. A associação vai deixar o barracão localizado narua Rangel Pestana, 512, Centro, e vai para a rua Professor Rubens Rego Fontão, 850, Parque Industrial.
"Com o incêndio ocorrido em junho do ano passado, a atual sede da Acrepom foi abalada e a Defesa Civil indicou a mudança de local. Conseguimos um imóvel que conta com 3 barracões cobertos, podendo melhor atender os catadores. A nova sede é um ganho que poderá oferecer uma ampliação no acolhimento dos catadores", disse Lázaro.
A mudança deverá ocorrer em agosto ou setembro. A Acrepom aguarda um parecer da CPFL, que irá analisar os postes localizados na rua, já que a sede da associação irá ligar maquinários como prensas e esteiras.
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