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O PODER DO K-POP

Por Redação |
| Tempo de leitura: 6 min

Um dos maiores sucessos entre os jovens e adolescentes atualmente é o k-pop, abreviação de “Korean Pop”, Pop Coreano em português. Trata-se de um gênero musical originado na Coréia do Sul, caracterizado por uma variedade de elementos audiovisuais. Mesmo o termo se referindo à música popular, dentro dele há diferentes estilos, como o rock, hiphop, rap, reggae, folk etc.

O k-pop se tornou popular no Leste da Ásia no final da década de 1990, e entrou no mercado japonês na virada do século XXI. Atualmente, com a ascensão da internet e das mídias sociais, a onda coreana se disseminou por todo o mundo.

A jovem estudante Ana Beatriz Gomes Silva, 20 anos, contou como conheceu o k-pop, que hoje faz parte de sua identidade. “Meu primeiro contato com a música coreana foi em 2012 quando a música do Psy, ‘Gangnam Style’, fez bastante sucesso”. Com um ritmo “chiclete” e uma coreografia bem divertida, o vídeo se tornou o primeiro do youtube a conquistar 1 bilhão de visualizações. “No mesmo ano, acabei conhecendo um grupo feminino, o 2NE1, mas pra mim ainda era música japonesa”, conta Ana, se referindo ao fato das pessoas sempre acharem que asiáticos são japoneses.

Ela relata que só foi conhecer o k-pop mesmo aos 16 anos, em 2016, quando assistia um vídeo de um youtuber e tocou uma música do BTS, que é o grupo coreano mais ouvido mundialmente.

“Eu gostei e comecei a pesquisar e acabei entrando nesse mundo. Dentro de um mês eu já sabia bastante coisa da indústria do k-pop, a questão dos treinamentos, das empresas, palavras que as kpoppers usam. Mas ainda assim, para mim era bem estranho, porque era uma língua que eu não estava habituada”, diz.

Certa vez, ouvindo BTS pelo YouTube, na reprodução automática, começou a tocar uma música do grupo Seventeen, que hoje é o grupo que Ana mais ama. “Na hora que eu ouvi foi um choque pra mim, porque esse grupo tem treze pessoas. Se sete já era estranho, com treze minha cabeça explodiu”, relata.

Pâmella Sabrina Andrade Viana, 22, é outra estudante que teve sua juventude marcada pelo K-Pop. Aos 10, ela e a prima conheceram alguns grupos, mas não sabiam que era coreano.

“Um dia eu estava assistindo televisão e tinha um canal chamado PlayTV, onde eu assistia muito anime. Depois dos animes passavam os MVs, e também tinha o J-Pop, que seria o pop japonês. Um dia passou um clipe do BTS, achei bem diferente, me interessei. São sete membros, no início eu achava que eles eram todos a mesma pessoa, só que com roupas diferentes”, relata Pâmella, que gosta muito de dançar, característica que a atraiu muito no grupo. “E então, por causa do BTS eu me tornei K-Poper e mais pra frente eu iria me tornar Army, que é o fandom do BTS”, diz.

IDENTIDADE

“O k-pop foi muito importante pra mim em vários aspectos. Um deles foi o meu crescimento, porque os artistas falam muito nas músicas sobre juventude, sobre sonhos, amor, sobre autoestima, sobre temas que eu acho importante serem falados e serem ouvidos quando você ainda é bem jovem e ter escutado desde os 16 e estar escutando ainda com quase 21 anos tem sido muito importante pra mim, tem me ajudado a crescer muito como ser humano”, explica Ana Beatriz.

A jovem frisa que tem um “amor incondicional” pelo Seventeen, que é o grupo com que ela mais se identificou, por meio das músicas e da estética. “Quando eu estou mal, a primeira coisa que eu busco fazer é ver ou ouvir alguma coisa deles e me deixa extremamente feliz”, reitera Ana, ao relatar que gostar de k-pop a ajudou com a timidez, a construir amizades e até para definir o seu estilo.

Pâmella também relata a influência do BTS na sua identidade. “O estilo diferente que eles tem me chamou a atenção, o cabelo colorido, as roupas chamativas e encaixava no que eu gostava, fora as músicas que grudam na cabeça, as coreografias eram maravilhosas. Depois comecei a gostar de outros grupos como Twice, Big Bang, Blackpink”, aponta.

Ela também conta que as letras das músicas a conquistou, com as lições de vida, sobre juventude e amor próprio. “Não é só música, não é só um grupo, pra mim é algo muito maior”, fala.

ESTILO
A estudante Ana Beatriz desenvolveu seu estilo por meio das influências do grupo
Seventeen, o seu favorito atualmente, no universo da moda. Foto: Arquivo Pessoal

MODA

Os idols, como são chamados os membros dos grupos, se tornaram ícones da moda pelo mundo todo. Desde que o K-Pop ficou mundialmente conhecido, diversas marcas os procuram para serem embaixadores e estamparem suas coleções.

Dentro dos grupos, há as divisões de funções, e sempre há um para o Face/Visual, que é justamente ser o rosto do grupo nas revistas, nas propagandas. Uma ferramenta muito usada para isso são as produções de um MV (clipes musicais) de K-Pop.

A integrante do girl group Blackpink Jennie Kim, é embaixadora global da Chanel, e utiliza as peças desde a gravação de conteúdo do grupo a figurino para o show.

“Muitos fãs utilizam o K-Pop como uma forma de encontrar o próprio estilo. Eu mesma comecei a definir o meu estilo pelo que eles usam. As marcas se aproveitam bastante disso. A matéria cita a Jennie, que tem um estilo mais chique, mais sofisticado, então a Chanel se aproveitou disso”, informa Ana Beatriz.

MERCADO

O K-Pop em si já é muito comercial. Desde a formação do grupo, o treinamento de artistas, até o lançamento de um álbum, é tudo comercial. Um exemplo são as lightsticks, que não são nada mais que lanternas que as pessoas usam no show.

“Em show de artista pop normal você leva um celular. O k-pop criou uma lanterna específica para cada grupo, então se você gosta de três grupos você vai querer a lanterna de cada um. Se for um grupo mais famoso, eles criam mais de um modelo. Então colocar esses artistas como embaixadores da sua marca é a mesma coisa que já colocar as suas coisas nas mãos dos consumidores”, conta Ana.

No caso de marcas como a Chanel, mesmo que as fãs não tenham poder aquisitivo para comprar essas roupas, elas vão procurar algo parecido, o que acaba tornando a Chanel mais famosa por ser considerada referência de informação de moda.

RECORDES

Na semana passada, foi divulgado que o último lançamento do BTS, a canção “Buttler”, ficou no primeiro lugar da lista da Billboard por cinco semanas consecutivas, além de ser a primeira música a vender mais de 700 mil downloads nos Estados Unidos em 2021.

O videoclipe alcançou 400 milhões de visualizações no youtube, tornando o grupo o primeiro da história na plataforma a ter 13 videoclipes com mais de 400 milhões de visualizações.

O grupo se apresentou em São Paulo em 2019. O show contou com cerca de 60 mil pessoas. Pâmella foi uma das fãs que esteve presente. Ela conta que os ingressos esgotaram muito rápido, por isso acabou comprando um valor inteiro, ao invés da meia, de direito de estudante. O investimento para ver seus ídolos de perto foi de R$ 800.

“Eu cheguei lá 6h, fui correndo pra fila. O show começou às 19h. Nesse dia eu só comi salgadinhos e bolachas, porque se eu saísse pra comer eu ia perder meu lugar na fila. Eu não saí nem pra ir no banheiro”, relata. Segundo a jovem, que conseguiu ficar na grade, foi muito “empurra empurra” e muita gente passando mal.

Contudo, ir ao show deles foi a realização de um sonho para Pâmella. “Eu sou grata ao k-pop e ao BTS. As pessoas dizem ‘Ah, mas eles nem sabem que você existe’, mas não tem problema. Eles ainda são uma forma de válvula de escape”, finaliza. *Maryla Buzati é estudante de jornalismo e estagiária da Folha da Região.

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