
Artista plástica Ilka Lemos leva suas lembranças e vivências em Araçatuba para todas suas obras e aonde estiver no mundo
A artista plástica e fotógrafa araçatubense Ilka Lemos já percorreu o mundo, já estudou em lugares como Nova Iorque, mas ainda carrega Araçatuba em sua alma e na sua obra. Segundo ela, que hoje trabalha e mora em São Paulo, “a luz de Araçatuba cria e inspira os artistas”.
Ela, que está erradicada em na capital paulista, afirma que a atmosfera araçatubense é muito favorável para quem quer aprender a fazer obras de arte. Lembra, inclusive, dos detalhes de sua infância na região central da cidade, que compuseram sua forma de enxergar a vida, e de participar de grupos de artistas locais que dividiam o mesmo cenário ensolarado, de céu claro e muito verde.
“O artista é uma criança que continua brincando, brincando de construir mundos. Como Araçatuba é muito plana, não tem morros, o limite para a criança é longo. Vi o Cine Peduti ser construído e inaugurado. Ele fez parte da minha formação, por causa da imaginação, e fui estudar cinema até nos Estados Unidos. Araçatuba está em tudo o que faço”, diz Ilka, que lembra as brincadeiras na praça Rui Barbosa e dos colegas da época em que estudou no IE Cristiano Olsen.
Ilka nasceu em Araçatuba em 1957, e em sua formação frequentou a Faculdade de Artes Plásticas de Penápolis e estudou desenho e pintura em Araçatuba, e nas cidades norte-americanas de Nova Iorque e Washington.
Presente na cidade de São Paulo desde1997, participou da oficina Arte e Movimento, no Sesc Pompéia, e ingressou no ateliê de Sergio Fingerman, no qual permaneceu durante quatro anos. Ela ainda participou de diversas exposições coletivas no interior do Estado de São Paulo, na capital e também no exterior.
Da época de Araçatuba e região, ela diz que ainda lembra e guarda as sensações de quando morou em uma fazenda de café e brincava com a terra. “É fantasioso, é mágico. O interior traz isso para a gente. Proporciona este contato imediato com Deus. Porque a natureza e a arte são Deus. Somos imitadores de Deus, querendo criar mundos”.
As suas obras podem ser visitadas em sua página na internet (www.ilkalemos.com.br) e em seu Instagram @ilkalemos.
Ela, que está erradicada em na capital paulista, afirma que a atmosfera araçatubense é muito favorável para quem quer aprender a fazer obras de arte.
VIAGEM
Ilka disse que decidiu mudar seu ateliê para São Paulo, há vinte anos, para buscar novas inspirações e aprendizados. Ela destaca que você pode aprender a técnica das artes, como as cores, suas misturas e texturas, mas o artista vai aprendendo no exercício de fazer o seu trabalho e por isso ampliar os horizontes é fundamental.
No ano passado, quando estava se preparando para ampliar seus estudos, Ilka se viu diante da pandemia da covid-19. E a viagem de conhecimento, que ela acreditava que seria para fora, em reuniões e ateliês, mudou de rumo.
Ela partiu para uma viagem interna, que incluiu deixar temporariamente a capital e voltar para o sol e o calor de Araçatuba.
Ela conta que se reencontrou com suas raízes ao ficar na cidade por alguns meses. “Pude cortar o cabelo, andar descalça, ficar perto da terra em que fui criada e perto das pessoas que amo. Fiquei comigo mesma e isso foi mais um passo para o aprendizado”, afirma a artista, que durante esta “trip interior” se viu em uma explosão de inspiração.

“Comecei a encomendar argila e outros materiais pelo correio. Eu trabalhava o tempo todo. A pandemia foi para mim um momento especial, pois me levou ao encontro do lugar de onde vim e isso me ajudou a me entender e isso se reflete em meu trabalho de uma forma muito positiva”, diz.
Para ela, a arte lhe proporcionou conhecer o mundo externo e interno, além de revisitar sua infância por meio das memórias.
FAZER ARTE
Perguntada sobre o fazer arte, ela disse que este é um dom que nasce com a pessoa, mas que se tornar artista tem muito a ver com dedicação, estudo e pesquisa. Ilka destaca que além de um olhar curioso e atento para a vida, o artista precisa se debruçar sobre os livros e visitar locais e museus para conhecer a história, as técnicas e as várias percepções.

“Hoje com a internet não tem mais a ingenuidade de não saber o que se tem no Louvre, em Paris, no Metropolitan, em Nova Iorque, por exemplo. Eu tive a chance de viajar muito, porque dediquei grande parte do meu tempo para o conhecimento, na minha formação, como pessoa ligada à arte. Então, estou neste tempo todo em movimento Paulo em busca de mim mesma”, reflete, destacando que hoje existem até cursos online com grandes nomes das artes do país, ao contrário de sua época de estudante em que tinha que viajar até a capital, toda semana, para assistir aula.
“Então, para ao jovem de Araçatuba, de Buritama, de Guararapes, enfim, todas as cidades da região, que quer ser artista, digo para ter garra, estudar. Não viemos para o mundo para o que é fácil. O jovem que quer se dedicar a essa deve estudar nos grandes mestres dos séculos, se identificar com as semelhanças e ir descobrindo neles sua identidade”, enfatiza Ilka, ensinando ainda que para ser artista você tem que se ter a humildade para aprender com todos e quebrar todas as amarras do preconceito.

Para ela, a arte lhe proporcionou conhecer o mundo externo e interno. Em seus planos está uma viagem para a Noruega, para conhecer e explorar a Aurora Boreal, e também ir ao Vietnã.
“Se a gente pode sonhar, a gente é livre. A arte é uma forma de elaborar as sensações e refazer o mundo. E estar em contato com tudo o que existe é a melhor forma de a gente cumprir nossa missão”, resume.
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