
Em outubro vivenciamos os dias gloriosos da santificação de Irmã Dulce pela veneranda Igreja Católica Apostólica Romana.
Santificada foi toda a sua existência, em razão do seu inefável amor e socorro aos aflitos que passavam pelos seus múltiplos caminhos ricos de misericórdia.
Conheci-a, faz muitos anos. Éramos, então, muito jovens.
Foi na década de 1950, aproximadamente, quando a vi atendendo a um enfermo que ajudava, quase o carregando sobre as costas frágeis.
Ofereci-me para ajudá-la e ela sorriu, agradeceu.
Não a conhecia naquela época. Lentamente, os seus exemplos de santa foram-se tornando populares, por atender especialmente aos que se encontravam nas ruas sob as marquises dos edifícios ou nos alagados do bairro do Uruguai, em Salvador, Bahia.
O seu vulto frágil e o seu sorriso angélico eram a presença de Jesus, junto aos Filhos do Calvário.
Intimorata e invencível, não se deixou abater pelos desafios do materialismo, pela perversidade da noite das paixões asselvajadas, pelas enfermidades, pelo descaso de muitos e sua indiferença, pela crueldade…
Com a mansidão de cordeiro sensibilizou milhares de pessoas por ela convidadas ao amor. E com a luz da caridade iluminou e salvou vidas que se lhe entregaram em totalidade.
Não possuindo coisas, era detentora do amor de Jesus, que soube disseminar com elegância e altivez, tornando-se porto de segurança aos nautas perdidos no oceano tumultuado do abandono terrestre.
Visitei-a mais de uma vez, a fim de banhar-me na suave claridade da sua ternura e comovi-me com o seu exemplo de fé e abnegação, por sentir-me iniciante da vida sem coragem para enfrentar os dissabores por amor à Humanidade.
Aprendi a amá-la a distância, orando pelo seu holocausto em favor do mundo de paz e de justiça, de fraternidade e de equilíbrio.
Nesses passados anos, após a sua libertação do corpo, acompanhei as notícias da sua beatificação e posterior santificação, conforme os cânones e leis da sua Igreja.
Exemplo moderno da caridade recomendada por Jesus Cristo e disseminada pelo Apóstolo Paulo, ela superou as técnicas de assistência e serviço social, dignificando e promovendo os nossos irmãos em agonia, recurso que somente o amor consegue proporcionar.
Nestes dias de angústia e de sofrimento generalizado, necessitamos de incontáveis Santas Irmãs Dulce, a fim de que recuperemos a honra que abandonamos e vivamos a ética do amor, que pode salvar o ser humano da sua inferioridade moral.
Sirva-nos a todos – cristãos, maometanos, judeus, indianos, religiosos e ateus, portadores de crença ou vivendo sem ela – a lição que nos ofereceu com sua existência ímpar: amando-nos e respeitando-nos, ajudando-nos reciprocamente, pois que Fora da caridade não há salvação.
Divaldo Pereira Franco é conferencista espírita em plena atividade aos 92 anos de idade. Descreve esta Face Espírita/Ano 12 para publicação na Folha da Região.
Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.