Este é um dos momentos marcantes da televisão brasileira que eu teria gravado em VHS, se ainda fosse esta a época, mas a despedida de Sérgio Chapelin do Globo Repórter está acontecendo na era digital. O último episódio com sua participação como apresentador e narrador vai ao ar nesta sexta-feira, dia 27, após 46 anos de história, uma das mais duradouras da televisão brasileira.
Nos anos 90, costumava gravar muitos Globo Repórter, principalmente aqueles sobre países do continente africano, sua fauna e flora, cidades históricas, cultura de outros povos, descobertas científicas e outros temas. O material gravado servia como fonte para trabalhos escolares, mas principalmente para ser revisto várias outras vezes em casa. Juntei dezenas de fitas cassetes do Globo Repórter.
Hoje, essa relação de posse com o conteúdo não é mais necessária, afinal, está tudo online. Neste cenário, a despedida de Chapelin já está provocando movimentação nas mídias sociais. Diversas matérias e vídeos de edições históricas do programa estão circulando na rede, uma celebração do legado deste grande e respeitado jornalista brasileiro. “Onde moram, como vivem, o que comem, como se reproduzem”… frases repetidas tantas vezes pelo apresentador que se tornaram populares, aparecendo em diversos contextos por meio de memes, gifs, e também em shows de stand-up comedy e programas de humor.
Na minha infância e adolescência, o Globo Repórter era assistido em família. Aprendi muitas coisas, ficava dias pensando a respeito dos mistérios da natureza, da ciência, do universo, dos costumes. O programa sempre abordou suas pautas de forma romântica, o que se torna mais evidente quando as imagens são produzidas pela Rede Globo: há um tom nostálgico, misterioso e de fascínio diante do conhecimento e a narração de Chapelin, em tom professoral, às vezes parece ler um conto de fadas para a audiência. Isso, com certeza, funcionava comigo.
Tive uma relação nerd profunda com o programa. Tinha certeza que estava aprendendo algo quando assistia a uma edição inédita. Ainda hoje me pego ligando para minha mãe e dizendo: “mãe, a Glória Maria vai estar não sei em qual país essa semana no Globo Repórter…”. Bons tempos. Obrigado, Sérgio Chapelin.
Fernando Verga é jornalista mestre em Comunicação
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