Diante do espelho, logo no início da manhã, ele está pronto para o trabalho, parece feliz, afinal é um homem bem sucedido. É bem visto, e muitos se curvam aos caprichos que ele ostenta como brinquedos descartáveis, assim como seus amores. Não aceita ser contrariado, e ao menor sinal desta possibilidade a ira lhe sobrevém, causando constrangimento e temor a todos que com ele convivem, ou melhor, sobrevivem. Quando irado, impõe sua vontade egoísta aqueles que, sem saber, são escravos que aceitam suas meias verdades, e como cães, esperam migalhas e sobras dos excessos que presenciam. Muitos dos considerados "bem sucedidos" vivem assim, pois sabem que fraudaram, e pela força da espada precisam subjugar a muitos, pois para sua fraca moral, assim é a vida. Esse modelo de "sucesso" é aclamado por muitos, pois travestido de autoridade, exerce fascínio aos incautos que ignoram seu efeito destruidor, dissimulado na sedução das palavras, que moldam a cultura narcísica deste triste espetáculo, alienante e doente. Não descrevo aqui nenhum tipo profissional ou classe específica, já que este comportamento, infelizmente, está amplamente disseminado também enquanto valor social. Interessa publicamente que estes saibam que não escapam aos olhos da verdade, fiel companheira dos fatos, nem daqueles que mais desprezam. Assim, o caráter claramente negativo se expressa no e pelo poder econômico, o que torna imperativo descobrir respostas para a prisão que o mundo progressivamente está se tornando. Olhe à sua volta e tente escapar da negatividade, comece pelo mais fácil, afaste-se de pessoas negativas. Fácil? Tente depois manter distância da sua própria negatividade, aquela se repete em seus conflitos, avalie-se sinceramente e fique tranquilo, isso é só entre nós. Prezado leitor, é preciso alertar quanto ao poder da espada infinitamente mais leve e mortal, o capital, que quando manejado com negatividade detém um alto poder destrutivo a vida. Quantos de nós frente a uma sincera autoanálise, corroborada com a opinião amorosa de pessoas queridas, não chegaríamos à conclusão que é preciso mudar o rumo, e sair de cena, trocar as expectativas e aceitar limitações, para só então aprender uma vida nova. Afinal, ser feliz, não é melhor que apenas sair bem na foto?

Marcelo Prates é consultor empresarial