Em 1939, de forma experimental, a nossa querida Rádio Cultura de Araçatuba já estava no ar.
Sob os acordes do Hino Nacional Brasileiro tivemos sua inauguração oficial no dia 7 de setembro, às 19.30 hs.
O primeiro locutor a usar seu microfone foi Luiz Falanga, que assim se expressou em 1989 quando a emissora completou 50 anos: “Ser o locutor que inaugurou a Cultura foi um privilégio”.
Duas importantes personalidades precisam ser lembradas por terem tido um papel fundamental no surgimento da Rádio Cultura AM: o primeiro, Dante de Conti, criador do primeiro serviço de alto-falante e Nicolau Fares de Campos, empresário idealista responsável por sua implantação.
Seus primeiros locutores, todos “pratas da casa”, aprovados em concursos foram Antonio Dip, Mauro Neri, Oigres Siqueira, Geraldo Couto Moraes e o jovem Misael.
Durante sua trajetória os microfones da Cultura registraram as vozes de importantes personalidades que por aqui passaram: tivemos o marechal João Batista Mascarenhas de Moraes, o militar brasileiro que comandou a Força Expedicionária na frente Italiana durante a II Grande Guerra, quando visitou a emissora; em 1943 o presidente do Paraguai, general Higino Morinigo Martinez, em viagem de trem para São Paulo, ao ficar algumas horas em Araçatuba, também falou à Rádio Cultura.
Durante décadas a Rádio Cultura de Araçatuba AM registrou a história do Brasil e da cidade em seus microfones.
Todos os acontecimentos mereciam sua devida atenção em sua rede de programas que contemplavam o entretenimento, a cultura, a educação, as artes, a política, a economia, a saúde, entre outros.
Sempre modernizando seus equipamentos e sua programação, a Cultura sempre esteve presente promovendo grandes apresentações notadamente nos anos 50 e 60 de grandes artistas nacionais.
Nomes famosos de projeção nacional por aqui passaram.
Em fevereiro de 1949, Fiori Gigliotti, o consagrado locutor esportivo estava na Rádio Cultura e seu maior sonho na época era transmitir uma partida de futebol diretamente do Pacaembu. Mas a primeira transmissão esportiva da Cultura foi feita em 1940, quando da inauguração oficial do Estádio Municipal. A festa teve a presença do homenageado, Adhemar de Barros, então interventor de São Paulo.
Um outro nome que ganhou projeção nacional e que por aqui passou foi o apresentador de televisão Edson Gabariti, o Bolinha, que na época fez grande sucesso pelos microfones da Cultura.
À exemplo de grandes emissoras de rádio e seus concorridos programas de auditórios, onde grandes nomes se apresentavam, a Cultura também oferecia esse entretenimento aos seus ouvintes, em seu próprio auditório.
Nomes como Marly Martinelli, Lúcio Collicchio, Doracy Nascimento, Alaíde Donatoni, Aires Buchi, Ivonete Xavier, Joaquim Coelho, Antônio Bombarda e Wagner Gomes, se apresentavam no programa comandado por Bolinha, que tinha como regional o maestro Brandini.
O casal Maury Pavanello de Campos e Gladys May Fares de Campos, sempre a frente da direção da emissora, muito colaboraram para manutenção do excelente trabalho desenvolvido pela empresa durante todos esses anos.
Retrocedendo no tempo, nos lembramos desses programas: “Noticioso I-8”, crônicas de Adelino Moreira e Clovis Corrêa, tangos do “Sentimento Gaúcho”, recados apaixonados do “Lembrei-me de você”, poesias de Aldo Campos e “Programa do Bolinha”.
Outro locutor de voz marcante foi Luiz Rivoiro e sua esposa Oneida Lourenço, também apresentadora.
Dentre os muitos companheiros que passaram pela Cultura não podemos deixar de cita-lo: Líbero Bezerra de Lima, o Belô que ingressou na emissora em abril de 1950.
Em setembro de 1989 quando a Cultura completava 50 anos de existência, ele assim se expressou:
“Ser radialista, na época, era uma opção mais romântica do que prática. Isto se explica pelas dificuldades que se apresentavam para que pudéssemos ter mais mobilidade em função do jornalismo radiofônico, na verdade grande paixão do setor.
Equipamentos enormes, pesados e elétricos, tínhamos que carregá-los nas costas, bem diferentes dos miniaturizados de hoje. Dificultavam nosso trabalho, mas com tudo isto, jamais havia esmorecimento e sempre estávamos à frente de tudo que dizia respeito à cidade.
O rádio foi evoluindo e a Rádio Cultura sempre procurou se atualizar na aquisição de aparelhos avançados. Embora essa modernização apresente progressos diários pelo menos de nossa parte, sempre procuramos fazer com que o rádio tenha cada vez mais credibilidade.
Dentre os programas de grande audiência na década de 1970, destacamos aqui o noticioso diário que iniciava às 11 da manhã, de nome “Jornal de Verdade”, que contava na época com os seguintes profissionais: redator: Líbero Bezerra de Lima; técnico de som: Brandino Ferreira Gomes; e apresentadores: Carlos Dini, Juvenal Alves, Levi Silva e o próprio Belô. A supervisão técnica era de responsabilidade de Euclides Lourenço Barbosa.
O rádio também tinha grande audiência no período noturno. A noite começava com Eduardo Dias, o “Biguá”, com o seu “Noites Brasileiras”, seguido pelo “Programa Noturno” que nós apresentávamos, seguido pelo “O Show da Madrugada”, com Levy Silva, que encerrava as atividades da emissora a 1H da manhã.
No tocante a música sertaneja tínhamos o Mario Ferro, o nosso Rogerinho, que em seu programa de todas tardes contava com a participação de Maury Pavanello de Campos com informes dos resultados da loteria federal.
Atendendo a uma solicitação da colônia nipônica de Araçatuba, a direção da Cultura AM disponibilizou um horário diário pela manhã, para a apresentação de um programa direcionado ao público japonês, transmitido pelas ondas tropicais que era apresentado por um locutor da cidade no idioma nipônico. Humberto Ferreira Gomes foi o sonoplasta escolhido por Maury P. Campos para auxiliar nessa apresentação, que era acompanhada com muito interesse por descendentes japoneses, em diversos países do mundo.
Nesse segmento sertanejo passaram pela Cultura José Damaceno, o “Denesião”; a dupla Miro e Miraci e o trio Laerte Tidinha e Nenê.
Nomes marcantes que passaram pela emissora e que fizeram da Cultura uma emissora bastante ouvida, (perdão antecipado se nos esquecermos de alguns), foram: Lauromiro Gaspar, apresentador e repórter esportivo; Eduardo Dias (Biguá), narrador esportivo e apresentador; Heleno de Souza, narrador esportivo; Nilton Lopes, repórter esportivo; Pedro Pelozi, narrador esportivo e apresentador; Vicente de Paulo, narrador esportivo e apresentador; Levy Silva, apresentador e comentarista esportivo; Sidney Mantovani, repórter esportivo; MituoIshi, apresentador, narrador e repórter esportivo;
Abdo Rogério, apresentador; Elias Pichirilo, apresentador, que, aliás, popularizou dois amigos que colaboravam com o programa: o José Dias com a previsão do tempo e o Jairo Ribeiro de Barros (sabonete), motorista da unidade móvel; Adelson Moreira, que foi discotecário e sonoplasta; Nivaldo Coelho (Purgante); Luiz Carlos Araújo, o Mr. Help, sonoplasta: Valtenir Pereira Dias, o “Tuta”, repórter policial; Marcio Leandro, locutor; seu Alcides, o “barriga”, responsável pela portaria, Édipo Pereira, sonoplasta e apresentador; Jousserrand Veira de Jesus, apresentador do programa “Não diga Não”; José Beltran, locutor; José Calixto Marques de Oliveira, apresentador; Walfrides Romero Benites (Carlos Renê), apresentador; Iranilson de Souza (Peixinho), apresentador, Nivaldo Quessa, apresentador; Mario Mendes Pereira, apresentador; Mario Aparecido Pavan (Biro Biro) sonoplastia e locução; Milton Nellis locução; José Marcio Paiola, locução; Luiz Carlos Rister apresentador; Adriano Luiz, sonoplasta, apresentador e locutor; Mauro José Pereira, operador de som, repórter esportivo e posteriormente locutor.
Um outro programa marcante da emissora foi sem dúvidas o “Ronda Policial”, noticioso que apresentava as ocorrências registradas nos distritos policiais, e que sempre se fazia lembrar sua abertura caracterizada pela trilha sonora de uma sirene de polícia. Programa que teve muitos apresentadores durante o longo período de permanência no ar, com passagens marcantes de Luiz Carlos Dini, Édipo Pereira e ultimamente de Mario Aparecido Pavan, o “Biro Biro”.
Pela Rádio Cultura AM muitos amigos emprestaram seu talento cada um com suas habilidades e características próprias.
Nos lembramos dos técnicos de som, sonoplastas – Help, Humberto Ferreira Gomes, o “Betinho”, Brandino, Fabio Toty, Euclides Lourenço Barbosa, José Sandes Gasolina e a esposa Cleusa.
À partir de 1998 a Rádio Cultura AM foi vendida e passou a ter uma nova direção. Os novos proprietários, Nivaldo Quessa, Carlos Hernandes e João Cardoso mantiveram a emissora que esteve em funcionamento na faixa AM (modulação em Amplitude) até 2018.
Durante esse período a emissora continuou a prestar um grande serviço na área da radiodifusão mantendo sua tradição de informação e entretenimento, evidentemente com a colaboração de muitos profissionais que por lá atuaram, permitindo-nos, no momento, lembrar de alguns deles: João Batagelo, Luiz Araujo, Rubens Festraits, Edipo Pereira, Peixinho, Tuinho, Marcio Leandro, Marquinhos Serelepe, Milton Gallo, Airton Garay, Oscar Quessa, Eraldo de Oliveira, Padre Charles apresentando o programa Sal da Terra, Ferreira Junior, Irmãos Rodrigues, Wilson Coelho, Wander Ribeiro e Pedro Pelozi.
No momento em que festejamos os 79 anos da Rádio Cultura AM aproveitamos também para fazermos o registro e parabenizar a nossa querida Rádio Cultura FM que comemora neste 7 de setembro seus 40 anos de existência, praticamente dando continuidade a família Cultura na área da radiodifusão em Araçatuba.
O desejo de escrever esse artigo foi devido ao contato que tivemos com os amigos Rubens da Silva Cavazane e Orivaldo Guedes Monzini, que muito gentilmente nos brindou com uma matéria alusiva aos 50 anos da Radio Cultura AM, em publicação do Jornal A Comarca de 7 de setembro de 1989, como também da proximidade de data do aniversário da emissora.
Importante constatar que atualmente
A Rádio Cultura AM migrou para o sistema FM, operando com o nome VIVA FM, sintonizada no “dial” em 106,7.
Foi gratificante demais ter tido a oportunidade de participar da história dessa emissora e de ter conhecido e convivido com amigos tão especiais.
Juvenal Alves é dentista e radialista
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