Uma criança? A chuva? Não. A prefeitura, após requerimento formal de um vereador que publicou a proeza nas redes sociais. Chegamos ao subsolo político. Fui dar uma olhada nas publicações dos vereadores e, pra surpresa de ninguém, o que se vê (salvo raras exceções) são agradecimentos por nivelamento de ruas, poda de árvores, recapeamentos, limpeza de terrenos e etc.
Hélio Consolaro se referia à Câmara como Palácio do Riso. Depois, a Casa ficou conhecida como Puxadinho do Executivo, após protesto de um vereador pelo fato de a bancada dos cargos aprovar qualquer asneira que venha do Executivo, geralmente em regime de urgência e com comissionados ocupando todos os assentos da Casa.
Hoje, além das funções circenses e bate-carimbo, devidamente mantidas, os vereadores incorporaram a função de “fiscais de campo” municipais. Pelo custo, melhor seria demiti-los e colocar as moças da Arapark pra fotografar buracos (e formigueiros?) e mandar para a Secretaria de Obras via Whatsapp. Mais econômico, mais eficiente.
Então, se a Câmara não funciona com independência para fiscalizar e nem tem maturidade intelectual para produzir leis que não “regulamentação da venda de carne moída”, de que ela serve? De absolutamente nada, porque suas funções institucionais foram solapadas. Isso é a constatação básica de uma análise político-científica: sequestro institucional, quando um grupo de pessoas põe as instituições para exercer outras atribuições que não as constitucionais.
Nosso problema não é com nomes ou partidos. É com uma cultura política coronelista e patrimonialista enraizada e praticada com absoluta naturalidade. Isso nos custa caro. Há anos éramos a primeira cidade do interior a ter uma rua asfaltada. Hoje, mendigamos empréstimos para construir alguns metros de avenida.
O primeiro interesse público são Poderes independentes. Do contrário, vamos continuar a tapar formigueiros. Triste pelas formigas. Triste por Araçatuba.
Felipe Luiz de Oliveira é membro do Ilan
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