As pessoas de visão simplistas costumam dividir o mundo em dois. Acostumadas com a dicotomia perpetuada pelos desenhos animados, elas sempre acreditam que um lado está certo e o outro totalmente errado. Veem o mundo como viam as divisões de poderes nos cartuns do passado. O bem e o mal. O gato e o rato. O mocinho e o bandido.
E por pensarem assim, também se tornam rasas no entender do mundo. Ignoram as complexidades das relações de poder, força, capacidade, produção, causa e efeito. Para esta parcela da sociedade, é muito fácil simplesmente rotular as coisas de acordo com suas crenças.
E porque estamos falando sobre isso, se a nossa conversa semanal é sobre educação? É simples. Porque nesta área também acontece o mesmo fenômeno da simplificação. As famílias, em grande maioria, ainda acreditam que os bancos escolares são a redenção da educação do seu filho. E se a criança não se desenvolve, a culpa é dos profissionais ou da instituição.
Parte das pessoas também acredita que educação, no sentido de obrigação do governo, é apenas construir escolas, com seus muros coloridos, pátios arejados e professores que batem ponto. Enquanto esta visão rasa permanecer, a Educação, com 'E' maiúsculo, continuará sendo mais um problema do que a solução. Os pais precisam entender que a formação intelectual do filho também tem a ver com o ambiente em casa, com o estímulo ao conhecimento no cotidiano do lar. E que educação, como respeito aos outros e hierarquia, primeiro vem de berço.
E a sociedade brasileira precisa ver a educação além das construções de escolas. A boa formação da cidadania parte de fatores mais complexos, que vão desde ao acesso à rede de coleta e tratamento de esgoto que protegem a saúde dos pequenos e seus pais, até a convivência em um país em que os dirigentes máximos demonstrem respeito ao próximo.
A educação é a soma de todas as partes que constroem o cotidiano das crianças e adolescentes. Simplismo é reduzir o todo em parte menor.
Bruno Raphael de Souza é empresário do ramo de educação em Araçatuba.