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Bolsonaro, Trump, Eichmann e South Park - Por Fernando Verga

Por Redação |
| Tempo de leitura: 2 min

Muito já está sendo comentado sobre os últimos ataques, mentiras e ofensas cometidos por Bolsonaro e isso deve continuar dominando a pauta pública, uma vez que não há indício de que ele pretende mudar sua postura. Suas atitudes me lembraram, nestes últimos dias, as de outros personagens da vida real e da ficção, indo da comédia debochada a uma das maiores atrocidades humanitárias.
O seriado animado South Park, que estreou em 1997, faz uma crítica mordaz e violenta da sociedade e da cultura norte-americanas, mas nos serve muito como carapuça. Donald Trump já apareceu em vários episódios, mas há um, especificamente, que lembra muito o Bolsonaro das últimas semanas. Em “Put it down”, que foi ao ar em setembro de 2017, Trump provoca mortes e diversas crises por conta de sua retórica agressiva e errática, provocando o desespero de um personagem que se vê envolvido nas absurdas ações do presidente.
A série retrata Trump como um homem impulsivo, preconceituoso, dono de um intelecto tão medíocre que não é capaz de perceber que se sabota. Parece que estamos ouvindo um opositor descrever Bolsonaro, não é?
A palavra mediocridade me trouxe à memória outro personagem tão intrigante quanto Trump, ou mais, até. É Adolf Eichmann, um dos principais responsáveis pelo Holocausto judeu da Segunda Guerra Mundial. Seu julgamento, realizado em Jerusalém no ano de 1961, foi acompanhado pela cientista política Hannah Arendt, que transformou a experiência no livro “Eichmann em Jerusalém”.
Na obra ela desenvolve a tese sobre a banalidade do mal ao descrever o nazista como dono de uma personalidade vulgar, medíocre, incapaz de tomar consciência de suas próprias incoerências, mas que sabia usar suas poucas qualidades para conquistar algum poder. Novamente: parece que estamos ouvindo um opositor descrever Bolsonaro.
Mediocridade, mesmo que por meio da crítica de um desenho animado, não é um atributo ideal para se lembrar de um presidente, ainda mais se ele está governando. Afinal de contas, esperamos que as coisas melhorem e para isso a autoridade precisa mostrar capacidade. A falta dela, ou seu uso equivocado, banaliza e institucionaliza o sofrimento das pessoas, como a história já mostrou.
Fernando Verga é jornalista

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