Araçatuba

Working Cow Horse mistura manobras de Rédeas e trabalho com o gado

Por Redação |
| Tempo de leitura: 4 min
NO BOI Karoline Kazue Rodrigues, de Avaré, realiza o trabalho com o boi em competição em sua cidade de origem/ Arquivo Pessoal
NO BOI Karoline Kazue Rodrigues, de Avaré, realiza o trabalho com o boi em competição em sua cidade de origem/ Arquivo Pessoal

Rédeas e trabalho com gado. O cavalo de Working Cow Horse tem que ser bivalente. Além das aptidões técnicas para executar as manobras de acordo com o percurso determinado pela organização da prova, é preciso ter fôlego e “cow sense” para trabalhar o boi, mostrando domínio sobre o mesmo.

Para Karoline Kazue Rodrigues, 32 anos, advogada e pequena empresária, na cidade de Avaré, SP, o Working Cow Horse é uma modalidade extremamente técnica, mas, ao mesmo tempo, divertida. “A parte da Rédeas é mais tranquila, mas a parte com o boi é sempre uma surpresa. Os movimentos são fortes e em alta velocidade, por isso é preciso ter um cavalo bem treinado, não só por uma questão de performance, mas também por segurança, pois um cavalo sem controle pode colocar o cavaleiro em posição de risco com relação ao boi”, explica ela que começou a competir no Western Pleasure e nos Três Tambores aos 6 anos de idade. “Nada é mais emocionante numa prova de Cow Horse do que estar na posição correta na hora do corte, voltar no boi no corte, e acompanhá-lo corretamente no círculo. É muita adrenalina!”, diz Karol que compete na modalidade de Rédeas desde os 8 anos e no Working Cow Horse desde os 18 anos.

Questionada sobre o que mais a motiva no meio do cavalo, Karol é enfática: a família. “Não apenas a minha família, como todas as famílias que nele convivem. Tudo que minha família construiu foi graças ao cavalo e é o ambiente onde me sinto à vontade”. E como filho de peixe, peixinho é, ela tem em seu pai sua grande motivação. “Meu pai (Nelsinho Rodrigues) é treinador profissional há mais de 40 anos. Eu sou só a pessoa que deu sorte de nascer filha dele e acompanhá-lo nessa trajetória. Há alguns anos deixei a carreira de advogada para viver mais de perto a rotina do rancho”. Karol e sua família também gostam de criar (poucos animais, mas sempre criaram), de ver crescer e montar. “É um ciclo que todos os anos se renova, mas nunca enjoa e hoje, vivendo no rancho, posso acompanhar mais de perto”.

Karol participa regularmente de eventos da ABQM e ANCR (Associação Nacional do Cavalo de Rédeas) desde criança. “Em geral, temos, pelo menos, uma prova por mês”, conta ela afirmando que os meses de dezembro e janeiro costumam ser mais tranquilos. “Vivemos em função do calendário de provas”. Sobre a sua escolha pelo Working Cow Horse, ela, mais uma vez, se inspira no pai, que sempre trabalhou no campo, com cavalos e na lida com gado. “Quando ele descobriu o Working Cow Horse (já treinava Rédeas), ele ficou fascinado. A modalidade reunia tudo que ele mais gostava: técnica e gado. E eu passei a curtir junto com ele”.

ENTENDA A MODALIDADE

O Working Cow Horse (Reined Cow Horse, em inglês) é uma modalidade que junta o trabalho de rédeas com o trabalho com gado. Surgida por volta de 1949, a NRCHA (sigla em inglês Associação Nacional do Cavalo de Working Cow Horse), surgiu em um momento em que o cavalo passava de uma necessidade para um luxo e havia pouca atividade que ajudasse na manutenção financeira dos animais. Nessa época, nos EUA, a maioria dos fazendeiros lutava para sobreviver à Grande Depressão em que o país se encontrava e que piorou com a Segunda Guerra Mundial. Não havia tempo ou dinheiro para que as pessoas se preocupassem com cavalos ou programas de treinamento.

Para a modalidade, as manobras são as mesmas obrigatórias para a modalidade de Rédeas (veja matéria nesta página), com exceção do rollback, esta manobra é realizada durante o trabalho com gado, na parte chamada de “trabalho de cerca”, quando se tem o corte no boi. Finalizado o circuito de Rédeas, o cavaleiro se dirige ao fundo da pista para dar início ao trabalho com boi, realizando o controle da rês dentro do que se chama “box”, que nada mais são do que algumas marcas dentro das quais o bovino deve ser mantido pelo conjunto de cavalo e cavaleiro. Após o controle do animal no box, o conjunto deve conduzir o boi para uma das cercas laterais para iniciar os chamados “cortes”, que também têm marcas restringindo a área onde eles devem acontecer. É necessário executar dois cortes para, então, conduzir o bovino para o centro da pista e circulá-lo (mantê-lo sob o controle do conjunto que fica pelo lado de fora formando um círculo, contendo o animal), de ambos os lados, momento em que a prova é finalizada. A nota final é a somatória das notas de rédeas e de trabalho com o boi. Vence quem obtiver a maior somatória. Cortes fora das áreas ou não execução de alguma das manobras de maneira correta são motivos que podem levar a zerar a nota. Em ambos os trabalhos, o conjunto inicia com a nota 70, podendo ganhar ou perder pontos de acordo com a precisão com que as manobras são executadas.

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