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A impertinência do sucesso - Por Francisco Moreno

Por Redação |
| Tempo de leitura: 2 min

Dá para acreditar que, num encontro mundial, o Ministro do Brasil saiu carregando um cartaz escrito: “Traga a sua poluição para o Brasil”? Foi o que aconteceu.

Conferências Internacionais sobre Meio Ambiente é o que mais se viu: em Paris sobre o clima, a do Rio 92, a de Kyoto, ou Johanesburgo. Todas organizadas pela ONU numa enxurrada de acordos, debates e Agendas. Porém, a mais conturbada foi a primeira em 1972, em Estocolmo, Suécia, com 113 países. O texto base da ONU, ficou ofuscado por duas propostas: a primeira, dos países industrializados, trazia o destaque malthusiano, em controlar o crescimento demográfico e limitar o crescimento dos países subdesenvolvidos.

A segunda, lançada pelo Brasil, teve apoio de 77 países do terceiro mundo. Defendiam o direito de crescer economicamente, com a mesma chance que os países desenvolvidos sempre tiveram, sem se preocupar com o meio ambiente.

O Ministro brasileiro, Costa Cavalcante, apelou feio, dizendo: "Desenvolver primeiro e pagar os custos da poluição mais tarde", a tal ponto de colocar no stand do Brasil, uma faixa com os dizeres: “Bem-vindos à poluição, estamos abertos a ela. (…) Temos cidades que recebem, de braços abertos, a sua poluição”. O próprio ministro carregava pelos corredores um cartaz: “Traga a sua poluição para o Brasil”. “Queremos empregos, dólares para o nosso desenvolvimento”.

Posicionamento que até fazia sentido, ou seja, o direito a ter crescimento econômico. Errado era achar que poluição é sinônimo de progresso sem pensar na saúde. Levantamentos comprovam que a poluição mata três milhões e duzentas mil pessoas ao ano no mundo todo. Afeta, através das doenças cardiovasculares e pulmonares, levando a óbitos. É objetivo também, reduzir o aquecimento global a 1,5 grau Celsius através da diminuição da emissão de poluentes na atmosfera.

E a atribulada Conferência de Estocolmo rendeu um documento com 24 artigos, surgindo a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. E a impertinência do Brasil fez com que se discutisse, pela primeira vez, a relação entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente.

Das tripas fizeram coração, o que seria divergência, deboche ou fiasco, levou à discussão, souberam dar valor, fundando, depois, um grupo de pesquisa e formação continuada, denominada de Comissão Brundtland, lançando o termo Desenvolvimento Sustentável com seus 3 pilares: econômico, social e ambiental, que é nada mais do que a inserção do ser humano, na promoção social, favorecendo que ele tenha dignidade laboral através de recursos econômicos, sem degradar o meio ambiente.

Francisco Moreno é voluntário ambiental

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