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Como na lida no campo, laçar e 'amarrar' no Laço Individual

Por Redação |
| Tempo de leitura: 4 min
NO CAMPO Segundo o treinador e competidor Mário Francisco, de São Simão, os bezerros são parte do time e o conjunto precisa dele para ganhar a prova/ Arquivo Pessoal
NO CAMPO Segundo o treinador e competidor Mário Francisco, de São Simão, os bezerros são parte do time e o conjunto precisa dele para ganhar a prova/ Arquivo Pessoal

Emerson Vinícius Oliveira Dias é produtor rural, criador de Quarto de Milha em Vila Velha, ES, e atual vice-presidente da ABQM (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha). Ele, que tem 46 anos, compete desde 2001 na modalidade de Laço Individual. "Eu gosto do laço em geral, mas o laço individual tem uma particularidade que, para mim, é o que mais me atraiu: o cavalo tem uma participação mais importante do que em outras modalidades porque, parte do trabalho, ele executa sozinho, sem condução nenhuma do cavaleiro", explica Dias afirmando que "o treinamento tem que ser bom e o animal gostar do que faz".

Para Dias, as emoções em cada uma das modalidades são bastante distintas. "Na prova técnica (a emoção) é ver um trabalho perfeito do seu animal e na prova cronômetro, é a adrenalina de fazer a menor média de tempo para chegar a campeão", explica.

Segundo o treinador, competidor e médico veterinário Mário Dias Moreira Francisco, 32 anos, de São Simão, SP, o Laço Individual é uma prova que foi criada na fazenda, para ajudar no manejo do gado, para curar e medicar os bezerros. Assim como no Laço em Dupla, a prova também tem duas maneiras de avaliação do conjunto: cronômetro e técnica. "Hoje, usamos diferentes linhagem de animais, porém já temos linhagem próprias para o laço", explica o treinador. "Trabalho com média de 20 animas na minha casa e tento levar todos para competições, até o final do treinamento. Graças a Deus, nunca ficou nem um sem estar pronto, uns com mais chances de vitória, porém, todos competitivos", afirma Francisco ao ser questionado sobre o percentual de animais que chega ao final do treinamento.

Para se ter um bom cavalo nesta modalidade, o primeiro passo é escolher um animal de linhagem e anatomia boas. O início da doma se dá por volta de 2 anos de idade. "Uma boa doma também é primordial", explica Francisco. "É um treinamento demorado, pois o cavalo tem que aprender muitas coisas. Ele aprende a trilhar (andar atrás) o boi, para, manter a corda esticada enquanto se está amarrando o bezerro, enfim, são diversos caminhos e técnicas que variam de treinador para treinador. Esse conjunto faz do treinamento dos cavalos de Laço Individual algo bastante complexo".

Sobre as regras de bem estar animal e as impressões aos olhos do público, Francisco deixa um alerta. "O leigo precisa saber que não estamos 'lutando' com o bezerro. Ele faz parte do nosso time. Estamos numa prova em que precisamos dele para ganhar, então, jamais vamos querer judiar ou machucar ele. Ele é meu parceiro", explica o treinador. "Isso, nada mais é do que o dia a dia de uma fazenda. Na lida no campo, o dia inteiro, todos os dias, os campeiros estão laçando bezerros para medicá-los", finaliza.

ENTENDA A MODALIDADE

A vinda da prova de Laço Individual para a arena, assim como de outras modalidades, trouxe regras, cronômetro e novas técnicas. A prova consiste em laçar um bezerro de aproximadamente 100kg, derrubar e amarrar três das quatro patas. "O bezerro tem que ficar imobilizado por 6 segundos. Caso se solte antes disso, o conjunto é desclassificado", explica o treinador Mário Dias Moreira Francisco, que também ministra cursos pelo Brasil.

Assim como em outras modalidades de laço, o conjunto pode ser avaliado de duas maneiras: no cronômetro, prova em que ganha o mais rápido; ou na técnica, onde o cavalo é avaliado pela qualidade e perfeição com que executa determinadas manobras fundamentais para a execução da prova. "As notas começam com 70 pontos e o conjunto pode ganhar ou perder pontos, dependendo da qualidade técnica das manobras executadas", explica o treinador. Há ainda, nos dois casos, as causas de perda de ponto ou ganho de pontos, no caso do laço técnico, ou de acréscimo de penalidades ao tempo final do competidor que, por exemplo, não respeita a barreira (distância de vantagem dada ao bezerro perante o competidor). Um coice, uma mordida, negar-se a entrar no brete, atropelar o bezerro, não manter a corda esticada enquanto o competidor desce para amarrar o bezerro são algumas das penalidades existentes no laço técnico e que são avaliadas por um conjunto de juízes, culminando em uma nota final total.

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