Artigo

Cretinice social

Por Redação |
| Tempo de leitura: 2 min

Conforme o dicionário Aurélio, cretino é um indivíduo idiota, imbecil. Usamos a palavra para qualificar atitudes exatamente assim, aquelas que afrontam o bom senso, regras de convívio em sociedade, o direito do próximo, atitudes que fogem do que se espera da educação de alguém e aí por diante. E por que estou falando sobre isso? Porque está cada vez mais comum ter que desviar de pessoas cretinas no dia a dia, principalmente no trânsito.

Para uma sociedade que aponta tanto o dedo com a intenção de acusar, discriminar e humilhar, a brasileira anda muito cretina (hipócrita, também, pois as coisas estão ligadas). Neste contexto da avassaladora onda conservadora nacional, onde uma parcela significativa da população preza valores tradicionais da família, da religião e do civismo, não vejo mais que uma máscara mentirosa de gente sem empatia, um discurso de redes sociais.

No início desta semana, enquanto dirigia pelo centro de Araçatuba, vi um motorista ostentando em seu veículo adesivos da campanha eleitoral. Na faixa de pedestres que liga a Academia Araçatubense de Letras ao terminal urbano, ele acelerou e fez idosos recuarem; em seguida, quase derrubou um ciclista ao atravessar um sinal vermelho da XV de novembro. Que cretino!

Em seguida, um taxista agiu de forma semelhante: estacionado em uma vaga da rua Silva Jardim, que é movimentada e apertada, o cidadão forçou seu retorno à via sem dar qualquer sinal; ligou o carro e atravessou na minha frente. Eu estava atento e evitei um acidente por mim, por ele e pelos outros.

O primeiro é um indivíduo arrogante que ostenta uma posição política que não condiz com seus atos: preza por bons costumes, mas ‘os outros que se lasquem enquanto piloto meu carrão’. O segundo, um folgado provinciano que se acha dono do espaço, que desrespeita sua cidade e concidadãos.

As pessoas estão vivendo uma fake news social, ampliando sua fachada moralista, mas ainda são indivíduos pequenos por dentro, por mais que ostentem valores grandiosos como amor pela pátria, pela sociedade…. Pura cretinice social.

Fernando Verga é jornalista

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