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A nomofobia, o medo de ficar desconectado ou sem acesso ao celular, tornou-se uma questão alarmante para este ano de 2025. Mais do que um hábito, a dependência das telas vem moldando comportamentos e minando a qualidade de vida. Mas, curiosamente, a solução para esse dilema contemporâneo pode estar em algo tão essencial e primitivo quanto o movimento: o exercício físico, especialmente a corrida.
Um recente estudo publicado pela Revista Cientifica The Turkish Journal On Addictions intitulado “Relationship between Physical Activity and Nomophobia in University Students: A Cross-Sectional Study” destaca que a prática regular de atividades físicas tem um impacto direto na redução de sintomas de ansiedade e dependência digital. O exercício físico age no cérebro promovendo a liberação de endorfina, dopamina e serotonina, neurotransmissores que proporcionam bem-estar e prazer. Essas substâncias ajudam a quebrar o ciclo de busca incessante por gratificação instantânea, tão comum no uso excessivo das redes sociais e aplicativos.
A corrida, em especial, desempenha um papel único nesse processo. Ela não é apenas um exercício para o corpo, mas também para a mente. Quando você corre, sua atenção é inevitavelmente atraída para o momento presente. O ritmo constante da respiração, o impacto cadenciado dos pés no chão e os estímulos ao redor, desde o som do vento até as cores do ambiente, criam uma experiência sensorial completa. Tenho alunos que relatam até a prática da meditação no momento da corrida.
Além disso, a corrida ajuda a estabilizar os níveis de dopamina no cérebro. Enquanto o uso frequente de celulares provoca picos intensos, mas passageiros, dessa substância, a atividade aeróbica gera uma liberação mais equilibrada e prolongada. Assim, quem corre regularmente tende a enfrentar a ansiedade e o estresse com mais tranquilidade, criando uma barreira psicológica mais sólida contra os impactos do tempo longe das telas.
Para colher esses benefícios, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos moderados, como corridas leves, ou 75 minutos de atividades intensas, como corridas em ritmo acelerado. Já expliquei sobre este tempo em artigos anteriores no JP. Esse volume pode ser facilmente distribuído em sessões de 30 minutos ao longo da semana. Combiná-los com práticas de atenção plena intensifica ainda mais os efeitos, promovendo um maior senso de presença.
Além do bem-estar físico e mental, a corrida também é uma oportunidade de desconexão saudável.
Trocar o celular por um par de tênis, deixando as notificações de lado por um tempo, cria um espaço de liberdade mental e introspecção. Essa pausa da tecnologia nos reconecta com o simples ato de estar no aqui e agora, permitindo que a mente se recupere do excesso de estímulos diários.
Enfrentar a nomofobia é um desafio de adaptação ao mundo moderno, mas o caminho para uma relação mais equilibrada com a tecnologia pode ser encontrado ao longo de uma trilha ou nas ruas de sua cidade. Com cada passada, você não apenas se afasta da dependência digital, mas se aproxima de uma vida mais presente, consciente e plena. Novos tempos, novas doenças, mas o remédio já conhecemos! O exercício! Até a próxima!
Rogério Cardoso é personal trainer, preparador físico e membro da Sociedade Brasileira de Personal Trainer SBPT e da World Top Trainers WTTC