DEPRESSÃO EM CÃES

Cuide da saúde mental do seu cão e identifique a depressão

Por Ana Laura França | ana.laura@jpjornal.com.br |
| Tempo de leitura: 3 min
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Nos últimos anos, a saúde mental dos animais de estimação, especialmente dos cães, ganhou destaque nas discussões sobre bem-estar animal. A depressão canina é uma condição que pode afetar gravemente a qualidade de vida dos animais, e dados recentes indicam que esse problema é mais comum do que muitos tutores imaginam.

Um estudo conduzido pela USP (Universidade de São Paulo) revelou que aproximadamente 20% dos cães atendidos em clínicas veterinárias demonstram sinais de depressão. Este número é alarmante, considerando que a população canina no Brasil ultrapassa os 54 milhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Isso significa que milhões de cães podem estar sofrendo silenciosamente, sem que seus tutores percebam.

A depressão canina pode ter várias causas, incluindo mudanças na rotina, perda de um companheiro (humano ou animal) e falta de estímulos físicos e mentais. Especialistas apontam que cães que passam muitas horas sozinhos ou que não recebem atenção suficiente dos seus tutores são mais propensos a desenvolver a condição. “Ela pode ocorrer principalmente em casos em que há muita dependência emocional do cachorro em relação a seu tutor. Nesses casos, qualquer alteração na rotina da família pode desencadear a depressão”, explica a médica-veterinária, Erika Turim.

De acordo com uma pesquisa realizada pela CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia), cerca de 30% dos tutores brasileiros deixam seus cães sozinhos por mais de seis horas por dia. Essa solidão prolongada pode desencadear sentimentos de tristeza e apatia nos animais.

Veterinários e especialistas em comportamento animal alertam que é essencial estar atento a sinais de depressão nos cães, como perda de apetite, desinteresse por atividades que antes eram prazerosas, isolamento e mudanças no padrão de sono. Um levantamento feito pela Anclivepa (Associação Brasileira de Médicos Veterinários de Pequenos Animais) mostrou que, em 2023, houve um aumento de 15% nos casos de depressão diagnosticados em cães, em comparação com o ano anterior. O estudo sugere que o estresse gerado pela pandemia de COVID-19 e as mudanças no estilo de vida dos tutores contribuíram para esse aumento.

Para tratar a depressão canina, é necessário adotar uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir mudanças na rotina, aumento das interações e atividades físicas, e, em alguns casos, medicação prescrita por um veterinário. Dados do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) indicam que o uso de medicamentos antidepressivos para cães aumentou em 25% nos últimos cinco anos. Embora o tratamento medicamentoso seja eficaz em muitos casos, a prevenção continua sendo a melhor estratégia. Proporcionar um ambiente enriquecedor e garantir que os cães tenham companhia e estímulos suficientes são passos fundamentais para evitar o desenvolvimento de problemas emocionais.

A conscientização sobre a depressão canina no Brasil ainda está em desenvolvimento, mas o aumento nos diagnósticos e no uso de medicamentos aponta para uma crescente preocupação com o bem-estar mental dos animais. As pesquisas e dados disponíveis reforçam a necessidade de uma maior atenção a essa questão, tanto por parte dos tutores quanto da comunidade veterinária.

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