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VÍDEO; Da aldeia para a cidade: a história de uma criança indígena em Piracicaba

Davi foi a primeira criança brasileira a receber a vacina contra a covid-19; atualmente, ele mora com a mãe adotiva no bairro São Dimas, em Piracicaba

Por André Thieful | 19/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
andre.estevao@jpjornal.com.br

Will Baldine/JP

Entre a aldeia e a cidade, mesmo que centenas de quilômetros distantes. Essa foi a intensa rotina de Davi Seremrãmi´wê Xavante. Atualmente com 10 anos, ele mora em Piracicaba no bairro São Dimas. Davi foi a primeira criança do País a tomar vacina contra a covid-19.

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Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, o JP conta a história dele, que nasceu em uma aldeia, no Estado do Mato Grosso, mas precisou de tratamento médico em São Paulo, que foi possível graças a intermediação feita pela hoje mãe adotiva dele, Fernanda Viegas Reichardt.

Davi nasceu e morou até os 6 anos em uma tribo Xavante, na Terra Indígena localizada entre os municípios de Canarana e Ribeirão Cascalheira. A aldeia onde ainda vivem a mãe biológica de Davi e as irmãs dele têm cerca de 600 pessoas, dos quais poucos falam português. A língua oficial A´uwê.

“Eu conheço o Davi desde bebê, devido ao trabalho que desenvolvo há mais de dez anos com comunidades e povos tradicionais e trabalhei na aldeia dele e o Davi apresentava algumas dificuldades. Demorou para levantar a cabecinha, demorou para andar. A mãe dele me pediu ajuda. Como eu trabalhava na Universidade de São Paulo, conseguimos encaminhá-lo para o Instituto da Criança, onde ele começou o tratamento”, explicou.

Dos 3 ao 6 anos, ele já conhecia Piracicaba. No dia 8 de janeiro de 2020, o neurologista disse que ele não poderia mais voltar para a aldeia. “Porque ele ia entrar no estirão de crescimento e o risco de ele não andar e não sobreviver seria grande. Aí me tornei mãe”, disse Fernanda.

Um dos primeiros estranhamentos de Davi com a realidade da cidade foi a desigualdade social. “Nas férias de 2022, que eu fui para a aldeia, eu levei roupas (para eles) porque na minha cultura é bonito compartilhar tudo”, disse Davi.  Em outro dia, questionou a mãe, quando estavam em um supermercado, porque havia tantas crianças com fome. “Na aldeia tudo é dividido, tudo é compartilhado, inclusive a fome”, conta Fernanda. Outra Diferença notada por ele é no estilo de vida. “Na aldeia a gente subia em árvore, pulava na água, nas partes mais fundas”, disse.

 

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