Festa Junina

Por Ana Pascoalete |
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Pesquisadores especializados em festividades e rituais costumam apontar as origens das festas juninas nos rituais dos antigos povos germânicos e romanos. Os povos que habitavam as regiões campestres, na antiguidade ocidental, prestavam homenagens a diversos deuses aos quais eram atribuidas as funções de garantir boas plantações, boas colheitas e fertilidade.
Geralmente, esses ritos com caráter de festividades eram executados durante a passagem do inverno para o verão, que, no centro-sul da Europa, acontece no mês de Junho. Esses rituais implicavam o acendimento de fogueiras e balões, entre outros modos de comemorações, como danças e cânticos.
Na transição para a idade média, com a cristianização dos romanos e dos povos bárbaros, essas festividades passaram a ser assimiladas pela igreja católica, que, como principal instituição do período medieval, soube também diluir o culto aos deuses pagões do período junino e substitui-los pelos santos. Brasil atualmente, meio do ano, mês seis, chegando a festa de São João, festa comemorada ao redor da fogueira, as pessoas reunem –se pelo simbolismo de transformação que o fogo destina.
E esse é o mês de comemorar as planejadas festas juninas, com toda a temática simbolizada pela roça, comidas típicas, decoração caipira, quadrinha, evidenciando a retomada as origens, o contato com a ancestralidade, que nos aproxima ao imaginário relacionado com os traços da cultura brasileira da construção histórica da vida rural, trazidas e implantadas pelos imigrantes europeus ao se instalarem nas propriedades rurais brasileiras. Essa festividade remete ao retorno das origens, possibilitando o resgate individual da história de cada um, para que possam entrar em contato com o regresso ao passado possibilitando reincidência de memórias, sentimentos e emoções que foram experiênciados em momentos anteriores da vida, principalmente no período da infância, quando os principais traços da personalidade estão em formação.
As festas juninas evocam muitos sentimentos, principalmente em uma tradição cultural que também estão vinculadas a formação dos traços de identidade cultural de um povo. Desta maneira, as lembranças e memórias individuais com os elementos culturais que contam a história desse coletivo, promovem a possibilidade de os individuos darem um novo significado para suas vivências. Essas memórias trazem a um encontro com a base da formação da própria identidade, da personalidade, e conforme cada individuo têm a oportunidade de ressignifcar essas lembranças, possibilitando abranger a comprensão da importância dessas experiências na construção da própria história, pois esse contato com o resgate dessas raizes estimulam conservar a consciência da matéria prima subjetiva e psiquica pela construção dos alicerces da própria estrutura psicológica.
Na noite do dia 24, tradicionalmente em muitas cidades e propriedades rurais, muitas familias e amigos reunidos ascedem uma fogueira em homenagem a são joão para uma confraternização e o maior simbolismo desta reunião coletiva que tem um significado psicológico, cultural e social de imensa profundidade, pois quando ocorrem esses reencontros, as emoções e sentimentos gerados a partir dessas vivências podem ser literalmente queimados por essa grande e amparadora fogueira.
O maior sentido de transformações desses laços, nos unindo ao passado e a nossa própria história estimulando a possibilidade de transformação individual e social, através dessa simbologia e todo um ritual envolvendo a religiosidade como alimento da vida espiritual da população brasileira, mas que também remete a possibilidade de interiorização e reflexão dos elementos que referenciam a profundidade psicológica, através das lembranças e imagens do inconsciênte coletivo. E agora é se preparar para as comemorações.

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