Ao contrário do que o prefeito de Taubaté, José Saud (PP), tem dito durante a campanha eleitoral, as dívidas da Prefeitura aumentaram durante o atual governo, iniciado em 2021.
Na campanha, Saud tem dito que pagou cerca de 60% da dívida deixada pela gestão anterior, do ex-prefeito Ortiz Junior (Republicanos), e que não fez novas dívidas desde que assumiu o cargo. Mas os números oficiais divulgados pela própria Prefeitura desde o início do atual governo desmentem essa afirmação.
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A reportagem compilou dados divulgados pelo atual governo nas audiências de prestação de contas que são feitas a cada quadrimestre na Câmara. A conclusão: a dívida total da Prefeitura saltou de R$ 568 milhões em janeiro de 2021 (valor que, corrigido pela inflação até janeiro de 2024, representaria R$ 695 milhões) para R$ 740 milhões em janeiro de 2024.
Para chegar ao valor da dívida total da Prefeitura, a reportagem somou os valores de restos a pagar (são as dívidas de curto prazo, que foram empenhadas até o fim do ano anterior e que deverão ser pagas no decorrer do exercício corrente) e os valores da dívida consolidada (são as dívidas de longo prazo, com prazo de vencimento superior a 12 meses, como precatórios, acordos de parcelamento de dívidas, financiamentos e outras operações de crédito).
Com os números divulgados pela própria Prefeitura nas audiências públicas, a reportagem chegou a série histórica com quatro valores, referentes a janeiro de 2021 (ou seja, quando Ortiz saiu e Saud assumiu como prefeito), janeiro de 2022 (ao fim do primeiro ano do governo Saud), janeiro de 2023 (no meio do mandato do atual prefeito) e janeiro de 2024 (após três anos do governo Saud).
Para possibilitar uma comparação mais correta, os dados de 2021, 2022 e 2023 foram corrigidos pela inflação acumulada até janeiro de 2024.
Janeiro de 2021
Janeiro de 2022
Janeiro de 2023
Janeiro de 2024
Os números mostram que já no primeiro ano do governo Saud houve um aumento da dívida total, que passou de R$ 695 milhões em janeiro de 2021 para R$ 789 milhões em janeiro de 2022. Após o segundo ano, essa dívida total caiu para R$ 673 milhões em janeiro de 2023. E voltou a subir, para R$ 740 milhões, em janeiro de 2024.
O aumento nas dívidas de curto e longo prazo da Prefeitura ao longo de 2021 já havia sido apontado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) na análise das contas daquele exercício. Além disso, em 2022 e 2023 a Prefeitura começou a sofrer os efeitos financeiros da reforma administrativa feita pela atual gestão, que provocou um gasto adicional de pelo menos R$ 252 milhões entre 2022 e 2024.
Ao longo do governo Saud, por exemplo, foram acumuladas dívidas de R$ 174 milhões com o IPMT (Instituto de Previdência do Município de Taubaté), de R$ 67,5 milhões com a EcoTaubaté, de R$ 13,843 milhões com a Unitau (Universidade de Taubaté) e de mais de R$ 30 milhões com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), que é a antiga gestora do HMUT (Hospital Municipal Universitário de Taubaté).
Questionado por OVALE sobre o levantamento, o governo Saud afirmou que "a reportagem comete um equívoco ao somar restos a pagar com dívida consolidada". No entanto, Saud tem adotado essa fórmula para afirmar durante a campanha, com dados distorcidos, que Ortiz teria deixado a Prefeitura com uma dívida de R$ 1 bilhão.
O governo Saud afirmou ainda que a reportagem "ignora, novamente e de forma lamentável, o impacto da variação cambial do empréstimo do CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina] no endividamento herdado". Entre janeiro de 2021 e janeiro de 2024, no entanto, houve desvalorização da moeda dos Estados Unidos. O dólar abriu janeiro de 2021 cotado a R$ 5,16. Já no início de 2024, estava cotado a R$ 4,89.