FEED

A importância dos influenciadores na conscientização do HIV/AIDS

O relato de Jennifer Besse, que nasceu com HIV e Lucas Raniel, que ajuda milhares de pessoas a entender do assunto sem preconceito

Por Felipe Reis, radialista e jornalista @feednatv | 01/12/2021 | Tempo de leitura: 4 min

No Dia Mundial da Conscientização do HIV/AIDS, influenciadores falam sobre seu papel ao tratarem do assunto nas redes
No Dia Mundial da Conscientização do HIV/AIDS, influenciadores falam sobre seu papel ao tratarem do assunto nas redes

Dia 1º de dezembro é conhecido como o Dia Mundial da Conscientização do HIV/AIDS. Por muitas décadas o assunto foi marginalizado, mas agora sobram conteúdos para que esse preconceito caia de uma vez por todas. O Feed conversou com o Lucas Raniel, comunicólogo e influenciador que vive com HIV, e compartilha informações com mais de 60 mil pessoas apenas em uma rede social e com a Jeniffer Besse, professora de francês que nasceu com o vírus por conta da transmissão vertical.

Lucas Raniel, 29, conta sobre a importância da influência digital quando o assunto é HIV/AIDS: “Eu acho que falar de HIV é uma pauta muito importante, que deveria ser de toda a população, da mídia, mas no momento temos alguns influenciadores que fazem esse trabalho e que de alguma maneira acabam desmistificando e diminuindo o estigma e o preconceito sobre a pauta HIV no Brasil. Acredito que o papel dos influenciadores digitais e as pessoas que comunicam sobre a pauta HIV é primordial pro movimento HIV/AIDS e desenvolvimento de novas políticas públicas, para falar sobre prevenção e tudo mais”.

Por não ser médico ou cientista, o comunicólogo destaca sua atualização contínua sobre HIV/AIDS: “A gente precisa pontuar muito bem sobre as coisas que a gente comunica, pois existem atualizações de terminologia, atualizações médicas e científicas que a gente também precisa estar antenado para passar estas informações de maneira correta, sem moralismo, sem terrorismo e sem medo”.

Perguntado se sofre linchamento virtual, ou o famoso hate, nas redes sociais, Lucas Raniel diz que isso ainda acontece: “Eu sempre tive muito hate mas conheço pessoas que não passam por isso. Acredito que por conta da minha visibilidade, isso aconteça com mais frequência”.

Ainda sobre ataques que sofre nas redes sociais, Raniel conta que ações públicas contribuíram para o preconceito: “Nos últimos anos, em decorrência do governo que a gente está atualmente, muitas coisas mudaram. A gente teve o Departamento de HIV e AIDS desmontado, isso atrapalha muito o desenvolvimento da questão aqui no Brasil. Esse governo moralista e sem embasamento nos faz sofrer mais com preconceito e desinformação”.

O comunicólogo, que vive com HIV, relembra frases ditas pelo presidente Bolsonaro: “Até o próprio presidente declarou há alguns anos que o HIV não é um problema de saúde pública e se a pessoa teve HIV, ela que se cuide. A verdade é que isso é um problema de saúde pública sim, um problema de falta de educação sexual nas escolas e por isso a fala dele [Bolsonaro] é tão criminosa quanto o desmonte do Departamento de HIV e AIDS que ele executou ano passado”.

Diferentemente de Lucas Raniel, Jeniffer Besse nasceu com o HIV

Já Jeniffer Besse, 32, se tornou uma pessoa com HIV ainda no útero da mãe por transmissão vertical. A professora de francês e influenciadora conta como foi descobrir o vírus: “Como eu nasci com HIV eu descobri, pode se dizer que, tarde sobre o assunto. Aos 13 anos, meu pai me explicou o que era o HIV e o que doença significava. Mas naquela ocasião não entendi nem um pouco sobre tudo isso, e vivia num universo paralelo de que não poderia fazer isso, ou fazer aquilo”, inicia.

Besse recebeu a informação de forma rasa e só mais tarde tomou consciência: “Me informaram ‘você vive com HIV’ e junto com essa informação era sempre ‘você não pode, você não pode’..., mas realmente fui descobrir o que era viver com HIV aos 19 anos, quando eu fui embora pra Suíça por conta da minha avó”.

Assim como Lucas, Jeniffer também vê a importância dos influenciadores para romper os estigmas: “Quando eu era jovem não se falava disso. Hoje, pra mim é muito incrível e eu sempre falo para as pessoas que tem um recém diagnóstico que se confortem dentro de toda essa informação que a gente tem. São vídeos na internet, pessoas que prestam acolhimento e tudo mais. Em 2019, eu comecei a falar de HIV e o motivo principal era pra me ajudar. Eu queria me libertar das amarras do estigma, do preconceito e de tudo o que a doença carrega. Isso é um problema social e não de diagnóstico, porque viver com HIV hoje é simples e tranquilo”, relata

Por fim, tanto Jeniffer Besse como Lucas Raniel comemoraram o anúncio do medicamento ‘Dovato’, aprovado nesta semana pela ANVISA. Quanto a isso, Raniel destaca que ainda não é uma realidade na prática: “A gente precisa pontuar que ele só foi aprovado pela ANVISA e ainda não foi comprado pelo Ministério da Saúde. Então não adianta as pessoas irem lá amanhã no posto de saúde. De qualquer forma, a evolução da medicina tem sido muito ágil nos últimos anos, principalmente desde a pandemia da Covid-19. Está se desenvolvendo novos métodos de prevenção, novos meios de tratamento e quem sabe no futuro a gente consiga um tratamento com redução de drogas, com frequência menor de dosagem e até mesmo injetável. Espero muito por isso”.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.