JOÃO JULIO

República democrática e republiqueta de bananas

Por João Julio da Silva | Jornalista em São José dos Campos
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
República democrática e republiqueta de bananas
República democrática e republiqueta de bananas

Proclamação da República! O que houve desde então? A democracia ainda apresenta sinais de vida mesmo depois de tantos ataques, golpes e afrontas ao longo dos 135 anos de República Federativa do Brasil. Na verdade, a proclamação nada mais foi do que um golpe militar em 15 de novembro de 1889 que acabou com o regime monárquico no país. Como se nota, a República traz em sua história, um DNA golpista e muita turbulência política.

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Entre tantas barbáries cometidas contra a democracia, é sempre oportuno não deixar cair no esquecimento o golpe militar de 1964, que por não ter havido punição exemplar aos golpistas da época, o país até hoje sofre com os resquícios dessa vergonha histórica. E houve golpe sim em 2016, quando afrontaram a democracia derrubando uma presidenta eleita nas urnas pelo povo, uma injustiça política que deverá sempre ser lembrada por ter sido iniciada lá nas farreatas golpistas de 2013. Com a rasteira, assumiu o vice traidor.
 
O cenário de horrores abriu caminho para entrar em cena uma criatura abjeta que chegaria o poder central a partir das eleições de 2018. Foram quatro anos de desgoverno descabido, de retrocesso histórico e desmanche do Estado e de políticas públicas. Tempo de genocídio, aberrações sem limites contra a saúde, educação, ciência, e desrespeito às pessoas, aos direitos humanos, ao meio ambiente e à Constituição. Mas, em 2022, o povo deu um basta aos absurdos cometidos, fazendo valer o voto democrático.

Não satisfeitos com a derrota, mais uma vez afrontaram a democracia e tentaram um novo golpe em 8 de janeiro de 2023, quando vândalos terroristas depredaram as sedes dos poderes centrais em Brasília. Como no golpe militar de 64, ainda não foram para trás das grades os mandantes e o líder dessa balbúrdia toda. Se isso não ocorrer, a democracia estará correndo sério risco de levar uma nova rasteira.

Enquanto a punição não chega, representantes dessa facção de extrema direita se ajeitaram em governos estaduais e municipais. As eleições de 2024 mostraram bem que esses extremistas estão fortes e que visam retomar o poder central em 2026. Assim, a República democrática novamente passará por retrocessos e se tornar uma vez mais uma humilhante e desprezível republiqueta de bananas. A democracia não merece isso!
 
Conclamando liberdade de expressão, essa gente comete crimes eleitorais sem limites, como ocorreu na capital paulista neste ano, fazem uso de fake news a qualquer custo e disseminam ódio e um clima tenso de violência. Uma disputa política normal não deve ter esse cenário de barbaridades.

O fundamento de um sistema republicano é a consagração da democracia como expressão máxima da soberania popular através do voto. A República não sobrevive quando seres desprovidos de respeito à democracia tem como bandeira partidária a exclusão social e a marginalização política. Numa República consolidada, a democracia é o centro do diálogo político e de argumentos providos de racionalidade. Infelizmente, o país ainda patina numa política de moralidade conservadora sob o manto roto de uma religiosidade fundamentalista que beira à irracionalidade.

O pior é ver o conglomerado da grande mídia tradicional, de mãos dadas com a privataria do desumano mercado financeiro, dar espaço a esse tipo de seres abomináveis do atraso e do retrocesso, o pior que poderia haver num cenário político. Tentar passar a ideia de que um extremista nazifascista, golpista, investigado e inelegível é uma criatura normal é o fim do que pode ser considerado racional na humanidade. É muita canalhice!

Esse avanço perigoso de extremistas de direita, que agem à margem das regras do jogo democrático, ocorre em vários países do mundo, como agora nos EUA, recolocaram no poder uma criatura desprezível, uma ameaça mundial. O mesmo absurdo poderá ocorrer também no Brasil se a Justiça não mostrar agilidade para colocar na prisão os protagonistas da tentativa de golpe de 2023. Anistia a golpistas, não!

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