CLARICE

Comissão reconhece Clarice Herzog como anistiada política

Colegiado pediu desculpas à viúva de Vladimir Herzog pelos crimes cometidos pela ditadura militar contra o jornalista

Por Marcelo Rocha | 04/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
Brasília

(Foto: Instituto Vladimir Herzog)

Após a morte de seu marido, Clarice Herzog iniciou um movimento para investigar o assassinato e punir os responsáveis
Após a morte de seu marido, Clarice Herzog iniciou um movimento para investigar o assassinato e punir os responsáveis

Em uma decisão unânime tomada nesta quarta-feira (3), a Comissão de Anistia reconheceu Clarice Herzog, viúva do jornalista Vladimir Herzog, como anistiada política. Vladimir Herzog foi brutalmente torturado e morto em 1975 em uma unidade do DOI-Codi do Exército durante a ditadura militar no Brasil. A versão de suicídio forjada pelos militares e a foto criada para simular essa versão tornaram-se um símbolo sombrio da repressão do período.

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Após a morte de seu marido, Clarice Herzog iniciou um movimento para investigar o assassinato e punir os responsáveis. Ao longo das últimas décadas, ela travou uma luta incansável para que o Estado reconhecesse, investigasse e punisse os responsáveis pelo crime.

RECONHECIMENTO E REPARAÇÃO

A decisão da Comissão de Anistia não apenas reconhece a perseguição sofrida por Clarice e sua família durante o regime militar, mas também aprova o pagamento de uma indenização de 390 salários mínimos, respeitando o teto legal de R$ 100 mil.

Eneá de Stutz e Almeida, presidente do colegiado desde o início do governo Lula (PT), afirmou que o julgamento é emblemático e representa um momento para homenagear todas as mulheres que atuaram no movimento por anistia política. “Nenhum Estado tem direito de abusar de seu poder e investir contra seus próprios cidadãos. A história de Clarice é uma história emblemática, que nos inspira e nos dá forças para seguir lutando pela democracia. Em nome do Estado brasileiro, eu peço perdão por todas as perseguições que ela passou”, disse Eneá a Ivo Herzog, um dos filhos de Clarice, após o resultado do julgamento.

UM LEGADO DE CORAGEM

Ivo Herzog acompanhou o ato e, em sua fala, destacou que a partir da morte de seu pai, o objetivo da vida de Clarice passou a ser “a verdade e a justiça sobre o assassinato” dele. “Clarice é uma das heroínas dessa história”, afirmou.

O julgamento ocorreu durante o seminário “60 anos do golpe militar de 1964: lembrar para que nunca mais se repita”, realizado em parceria com a comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em auditório da Casa. A decisão da Comissão de Anistia é considerada um passo importante na reparação e preservação da memória e da verdade, e um pedido de perdão do Estado às vítimas dos crimes cometidos durante o regime militar.

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