Apesar de todas as dificuldades, Bruno César Antunes de Souza, 39 anos, também conhecido como MC Bakka, de São José dos Campos, mantinha o sonho de virar cantor de rap.
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Ele usava as redes sociais para divulgar clipes das músicas que compunha, além de investir dinheiro em gravações e produções de rap.
Tudo acabou na noite de 2 de março deste ano, quando Bakka foi baleado e morto por um amigo, na frente da casa onde estava morando em Ubatuba. Ele foi assassinado na frente do filho de 6 anos.
Meses antes da tragédia, em um vídeo na internet, MC Bakka apareceu cantando a música: “Só Deus sabe a minha hora”.
“O mundo tá diferente, não vejo mais sentimento, pesadelos, gigante é meu coração que bate forte, esquivando da Morte, sempre foi Deus e não sorte”, diz trecho da letra.
Numa outra canção, ele disse: “Às vezes é ficção, realidade distorcida, eu mando a verdade para os meus irmãos, contando histórias, fatos, boatos, mentira, não pode crer que você vai viver de ilusão. Eu tô correndo atrás do milhão”.
VIRADA.
Bakka estava de saída de Ubatuba e de volta a São José dos Campos, cidade que o acolheu na adolescência, quando veio de São Paulo com a família aos 15 anos.
Ele havia se mudado para Ubatuba para melhorar de vida, mas as coisas não saíram como ele esperava. Trabalhando como ambulante, a falta de estabilidade financeira e de um emprego formal fez com que ele planejasse voltar para São José, onde moram sua mãe, irmã e o filho de seis anos.
“Ele estava decidido a mudar as coisas. Ele foi para a igreja e se reconciliou com Jesus. Ia se casar com a esposa e quando ele chegou aqui a intenção era voltar a trabalhar. Ele desceu para Ubatuba para entregar a casa e vir embora para São José”, contou Maria Helena de Souza, 58 anos, mãe de Bakka.
Segundo ela, o filho estava se revezando entre Ubatuba e São José principalmente por causa do filho de 6 anos, que morava com a mãe e sentia muito a falta do pai.
“Quando ele veio pela última vez, há um mês e meio, fez uma entrevista indicado por um amigo e conseguiu um emprego. E disse que iria ficar na cidade para cuidar das coisas dele, da família. Ele disse que em Ubatuba o trabalho era incerto. Era bom na alta temporada, mas na baixa era complicado.”
MÚSICA.
A mãe confirmou que Bakka mantinha o sonho de se tornar cantor de rap, mesmo diante da falta de oportunidade e das situações complicadas, principalmente a financeira.
“Ele foi para Ubatuba para trabalhar como Uber, mas depois entrou a pandemia e ele não conseguiu trabalhar de aplicativo e também teve dificuldades de trabalhar na praia. Na alta temporada ele conseguia fazer alguma coisa, mas na baixa era mais complicado”, disse Maria Helena.
“Ele era teimoso e queria insistir. Ele cantava há mais de 10 anos e escrevia músicas. Ele queria seguir nesse ramo. Às vezes investia nisso, em gravação, para tentar seguir no ramo. Queria ser MC”, completou.
O suspeito de matar Bakka é o vendedor ambulante Augusto Gabriel Judic Borelli, 32 anos, com quem o MC já havia dividido uma moradia. Há um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça contra ele, que segue desaparecido. O caso está em investigação.
Para Maria Helena, as circunstâncias que levaram à morte do filho são inexplicáveis. Ela se apega na fé em Deus para dar conta da tristeza. “Perder um filho a sangue frio, a traição, é a pior coisa que existe. Minha força é apegar a Deus e acreditar que esse era o plano Dele”.