PERSONAGEM

De metralhadora a espada: pescador de São José acha objetos estranhos na pesca magnética

Atividade precisa de um imã numa linha e paciência; pescador de São José já tirou mais de 200 toneladas de sucata em represa

Por Xandu Alves | 08/11/2023 | Tempo de leitura: 4 min
São José dos Campos

Divulgação

Val durante pesca magnética no rio (veja galeria de fotos)
Val durante pesca magnética no rio (veja galeria de fotos)

Metralhadora, granada, bicicleta, revólveres, ferro de passar roupa e até espada do século 16. Tudo pescado em rios e lagos da região, e isso não é conversa de pescador.

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Trata-se do hobby de Edvaldo de Abreu da Silva Valério, 34 anos, o ‘Val’, montador de drywall. Nas horas vagas, ele se dedica à pesca magnética, atividade feita com imãs para procurar objetos magnéticos submersos.

Tudo começou em 2020 quando Val viu na internet sobre a pesca magnética. Resolveu tentar a atividade. Comprou os equipamentos básicos e lançou-se em um rio no Parque Interlagos, na região sul de São José dos Campos, onde morava.

Ali ele pescou sua primeira arma e os primeiros objetos da sua coleção. “A gente coloca o imã na corda, joga no rio e deixa a correnteza levar. Tem uma hora que gruda em algo lá embaixo, e aí você sabe que tem alguma coisa”, conta o pescador.

Entre os itens que ele retirou de rios, lagos e represas, estão uma arma Bereta, uma metralhadora em Santa Branca e uma espada século 16 (veja galeria de fotos com os objetos encontrados por Val).

BANDEIRANTE

“Quando achei essa espada levei para uma especialista em antropologia para analisar. Ela me disse que era do século 16 e que deveria ter pertencido a algum dos bandeirantes que percorriam o rio Paraíba”, diz Val.

“Mas estava bem deteriorada, só a parte dela de bronze que estava inteira”, afirma o pescador, que hoje mora no bairro Novo Horizonte, na região leste de São José.

Em razão do trabalho, Val diminuiu a frequência com que tem feito a pesca magnética, que antes era todo final de semana. Agora ele está mais devagar, mas mesmo assim tem encontrado objetos estranhos na região.

Segundo ele, em duas semanas que foi pescar em Guararema, ele retirou cerca de 200 toneladas de sucata das águas. As peças mais estranhas ele guarda em sua coleção, mas o grosso do material é vendido para reciclagem.

“Consegui fazer a festa de aniversário do meu filho, no final de maio, só com o dinheiro da pesca magnética”, diz Val.

LIMPEZA

A atividade da pesca magnética acaba sendo um serviço público de limpeza de rios, lagoas e represas, em razão da quantidade de entulho que Val retira das águas. “Você fica surpreso com as coisas que acha lá na água”.

Val conta que as armas que ele acha, se não estiverem totalmente depauperadas, ele as leva para a Polícia Civil, para não ter nenhum problema com armamentos em casa.

“Quando vejo que a arma dá para limpar, arrumar e até vender, ou dá para ser usada, eu entrego para a polícia. Agora, tem umas garruchas que a gente pega que são bem velhas, bem antigas mesmo, e que não servem mais para nada. Aí, eu as guardo em casa, porque são relíquias”.

Val está planejando criar um espaço em sua casa para um pequeno museu das coisas que pesca na região.

“Pretendo abrir um lugar, um espaço para juntar as coisas que eu guardo, para manter no melhor estado que puder”, conta.

MACHADO E DROGAS

Um dos objetos que ele tirou da água e conseguiu restaurar foi um machado. “Recuperei o machado e ficou bem bonito. Eu o usei no meu serviço por um bom tempo, até que quebrou.”

Segundo o pescador, quem quiser começar na pesca magnética tem que fazer um investimento em torno de R$ 170 a R$ 600 para comprar o imã, dependendo da potência do equipamento. Os materiais estão disponíveis na internet e em lojas especializadas.

Além do passatempo, Val conta que a pesca ajudou seu filho a superar um momento difícil na vida, como uma terapia.

“Ele melhorou 100% no contato com a natureza, com o rio. Ali não tem como a pessoa se estressar, na beira da ponte. É uma terapia legal”, diz Val, que abriu um canal nas redes sociais para divulgar suas aventuras. No Instagram, ele tem mais de 11 mil seguidores no perfil @pesca_magnetica_sjc.

Uma das aventuras que ele nunca mais vai esquecer foi numa pescaria com o seu filho, na zona leste de São José.

Conta o pescador: “Foi perto do [Jardim Nova] Detroit. Fomos eu e meu filho fazer uma pesca magnética. Tinha um saquinho preto na beira do rio boiando. Joguei meu imã e lá tinha um celular e vários pinos com drogas. Creio que um traficante tenha jogado ali”, diz Val, que levou o saco para a polícia.

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