Em resposta ao Prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), que publicou semana passada um vídeo no qual critica a posição da esquerda sobre as casas embriões de 15 m² do Residencial Mandela, a coordenação da comunidade publicou nota rebatendo a posição do gestor e dizendo que não quer ser alvo de manipulação política.
Na publicação, o prefeito disse que tem muita gente “dando palpite” sem ter conhecimento sobre a ocupação. Dario reafirma que o projeto da casa embrião foi viabilizado em acordo com a Justiça e foi aprovado por unanimidade pelos moradores. Dario diz ainda que a Prefeitura está entregando mais do que o previsto inicialmente, e, no final, rebate as críticas do PT ao projeto. O vídeo traz também depoimentos de dois moradores que dizem estar contentes, porque sairão dos barracos de madeira.
A publicação do prefeito foi uma reação às reportagens realizadas sobre o projeto e às críticas que viralizaram na Internet. Dário insinuou que a esquerda quer lacrar nas redes sociais, mas não faz nada pelos moradores. “A esquerda é sempre assim. Não constrói e critica o avanço dos mais pobres”, disparou.
Em nota, a comunidade lamentou a postura do prefeito de Campinas e pediu retratação sobre o teor do vídeo. “Ao citar o PT, sentimos que fomos usados para seus interesses eleitorais, como se toda questão fosse meramente partidária. Lamentamos essa postura. Nos sentimos manipulados antes, e agora novamente. De forma intencional e consciente, parece nos usar para atacar adversários eleitorais (...) Gostaríamos que se retratasse sobre o teor do vídeo, reconhecendo que a luta por moradia e uso social da propriedade vai além de disputas eleitorais”, diz trecho da manifestação da comunidade.
A coordenação da comunidade reiterou que a solução da moradia embrião é uma conquista e não um “favor”, porque os moradores estão pagando pelo terreno e pela construção das casas e a Prefeitura está apenas cumprindo sua obrigação de cumprir a legislação. A comunidade sinalizou ainda que é a esquerda que participa da luta pela moradia com os movimentos sociais.
“É importante lembrar: quais partidos estão verdadeiramente ao lado dos movimentos sociais? Quem estava conosco quando enfrentamos a violenta reintegração de posse no Mandela 1, no Jardim Capivari? O Senhor era vereador na época, e o que fez para nos ajudar? Portanto, Prefeito, o que foi exposto em seu vídeo não corresponde à realidade”, disse a nota.
Na resposta, a comunidade também critica a cobertura de alguns veículos da imprensa e o posicionamento de parlamentares sobre o embrião de 15 m², por não considerarem todo o contexto e os desafios que envolvem a luta pela moradia.
“Estamos felizes com a solução que está sendo construída, um passo importante na luta por moradia. Temos orgulho desse avanço e acreditamos que o senhor também deveria se orgulhar, pois não está fazendo nenhum favor, mas cumprindo a legislação urbanística e constitucional. Celebramos, mas continuaremos lutando para que o embrião se torne de fato uma moradia digna”, completou a comunidade.
Em nota, a Comissão Executiva do PT Campinas também repudiou as declarações de Dário Saadi contra a bancada petista e voltou a criticar o projeto embrião.
“O que o Governo Dário Saadi produz é um confinamento humano, mesmo sendo um embrião e em concordância com o movimento de moradia. Entendemos a vitória da comunidade, que venceu a reintegração de posse e conquistou seu direito constitucional por moradia. Mas quando falamos de moradia, falamos de moradia digna, algo muito diferente desse projeto nefasto”, diz trecho da nota.
No sábado (17), o presidente Lula criticou as moradias e disse que um prefeito que constrói casas desse tamanho “não é humano e não entende de pobre”. Dário Saadi respondeu que Lula desconhece a história da comunidade e pediu que o presidente deixe de politicagem.
O caso da moradia embrião ganhou repercussão nacional depois de ter sido revelado em uma série de reportagens de OVALE e da Sampi Campinas, que mostraram com exclusividade que as unidades de 15 m2 ferem as diretrizes da ONU (Organização das Nações Unidas).