DESINFORMAÇÃO

Em 100 dias, Lula desinforma ao falar sobre economia e legado de Bolsonaro

Agência de checagem de informações revela desinformação de Lula; Bolsonaro terminou governo com 6.685 declarações falsas ou distorcidas

Por Xandu Alves | 29/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Divulgação / PR

Posse de Lula em Brasília
Posse de Lula em Brasília

Vai pegar na mentira.

Para quem considerava as agências de checagem ‘inimigas’ do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como apontavam os bolsonaristas, o trabalho dos checadores continua a todo vapor nos quatro meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo uma das principais agências, a Aos Fatos, ao completar 100 dias de governo, Lula também desinformou, acumulando “um repertório de informações falsas, principalmente sobre a economia e o legado do governo Bolsonaro”, apontou a agência.

“O descontentamento com o BC [Banco Central] a respeito da taxa de juros, o desempenho do PIB [Produto Interno Bruto] e o montante de obras paralisadas são alguns dos tópicos em que o mandatário propagou desinformação desde 1º de janeiro deste ano”, destacou a Aos Fatos.

No final do ano passado, a agência encerrou o trabalho de checagem do governo Bolsonaro apontando que o ex-mandatário contabilizou, em 1.459 dias como presidente, nada menos do que 6.685 declarações falsas ou distorcidas, quase cinco por dia.

Lula está perdendo de Bolsonaro, mas já tem a sua pequena coleção de desinformação, como mostra a agência.

DECLARAÇÕES

Aos Fatos enumera sete declarações desinformadas de Lula ao longo do mandado, que completa quatro meses.

“É falso que a economia brasileira não tenha crescido nada em 2022, como afirmou o presidente. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) atesta um crescimento de 2,9% no PIB (Produto Interno Bruto) ante 2021”, disse a agência.

Em 23 de março, Lula disse que o presidente do Banco Central era problema do Senado, que o havia indicado. A informação é falsa.

“Não foi o Senado quem indicou o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, mas o ex-presidente Bolsonaro. Aos senadores cabe apenas referendar ou não a indicação presidencial”, afirmou Aos Fatos.

Lula também confundiu, em 15 de março, obras com contratos paralisados e disse que havia 14 mil obras paradas do país, quando o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou 8.685 empreendimentos parados.

Outra desinformação foi sobre obras de unidades habitacionais paralisadas, com Lula apontando 186 mil no país. “O dado citado pelo presidente se refere ao total de casas em construção mais o de obras paradas”, explicou a agência.

Outras declarações falsas foram sobre crise financeira de 2008, que teria acabado com a fome em seus mandatos e erro sobre o Brasil ser o primeiro produtor de proteína animal do mundo. É o terceiro.

EDUCAÇÃO MIDIÁTICA

Professor em uma escola estadual na região de Campinas, Cesar Gomes disse que as chamadas fake news estão quase vencendo a guerra porque “estamos brincando de combate à desinformação”.

Ele defendeu recentemente sua dissertação no programa de mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp.

Na pesquisa, ele concluiu que o enfrentamento do problema não pode se restringir a refutar mentiras, devendo iniciar-se com a educação midiática na sala de aula.

“O problema é complexo e não existe uma ‘bala de prata’, mas a educação midiática é um dos fatores que vão ajudar, no longo prazo, a superarmos o fenômeno da desinformação”, afirmou Gomes ao Jornal da Unicamp.

Sem viés ideológico, toda a desinformação deve ser combatida.

“Temos que começar a investir hoje no aluno que vai se formar daqui a cinco anos, ou continuaremos ‘enxugando gelo’”, disse Gomes.

Segundo ele, a educação midiática visa capacitar jovens e adultos a lidarem com os diversos tipos de mídia, o que inclui a habilidade de analisar criticamente o conteúdo que recebem e de construir conhecimento.

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