INTERNACIONAL

Governo Lula aposta em nova geopolítica mundial liderada pela China

Petista aposta em maior protagonismo de países do Hemisfério Sul, além da Rússia

Por Da redação | 22/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Divulgação

Lula e o presidente americano Joe Biden, durante viagem do brasileiro aos EUA
Lula e o presidente americano Joe Biden, durante viagem do brasileiro aos EUA

Visitar oficialmente a China logo no início do seu terceiro mandato presidencial revela uma estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de fortalecer as relações diplomáticas com países fora do eixo EUA-Europa.

Especialistas em relações exteriores viram nas imagens da recepção de Lula ao lado do presidente da China, Xi Jinping, que correram o mundo por meio da imprensa e das redes sociais, um recado do governo brasileiro principalmente aos Estados Unidos.

"Acho importante para a própria política externa brasileira, para o caminho que o Brasil quer trilhar, que ele tenha subsídios de negociação, então essa visita à China é uma tentativa de entender como que a gente pode utilizar o que a China coloca à mesa para negociar com os EUA, e vice-versa", avaliou Ana Tereza Marra, coordenadora do Grupo de China do Observatório de Política Externa Brasileira, em entrevista pela internet.

Professora da Universidade Federal do ABC, Ana Tereza disse que o Brasil precisa ter instrumentos para barganhar com as duas potências que dominam a geopolítica mundial. Para tanto, ressaltou a especialista, o Brasil precisa entender o que cada uma delas coloca na mesa de negociação.

Antes da visita de Lula à China, o governo do Brasil havia anunciado acordo com o país asiático para a realização de transações do comércio bilateral em suas próprias moedas, sem a necessidade do dólar.

Este sistema permite que as operações de comércio exterior ou financiamento entre os países sejam realizadas por meio da conversão de reais em iuanes e vice-versa, evitando a conversão para o dólar nas transações internacionais.

O acordo foi encarado como uma maneira de reduzir a dependência da moeda americana por ambas as nações, o que vai causar impactos na economia dos EUA, que deve ser superada pela chinesa nos próximos anos.

GEOPOLÍTICA

O movimento do Brasil em direção a países como China, Rússia e nações do Hemisfério Sul mostra uma estratégia política de acreditar numa mudança na geopolítica mundial, com maior ênfase para países em desenvolvimento do que nos tradicionais Estados Unidos e nações europeias.

Esse 'xadrez político' ficou mais evidente na fala de Celso Amorim, ex-chanceler e assessor especial de Lula para questões internacionais. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele afirmou que o Brasil "não é obrigado a seguir todas as opiniões dos Estados Unidos".

Amorim reconheceu a importância do papel dos EUA, mas afirmou que isso não obriga o Brasil a seguir os interesses norte-americanos.

ACENO AOS EUA

No entanto, o Brasil sabe que não pode prescindir de apoio dos americanos no cenário internacional.

Após os acordos com a China e as declarações erráticas de Lula sobre a guerra, coube ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o aceno aos EUA.

Ele disse que o Brasil não tem "qualquer intenção de se afastar dos EUA". Ele afirmou que o Brasil busca "ampliar ao máximo suas parcerias".

Questionado sobre a relação do país com os EUA, o ministro afirmou que o governo tem feito um esforço de aproximação, e que também deseja investimentos norte-americanos no país.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.