
Enquanto o genial Pelé e outros craques brasileiros encantavam o mundo no México, na Copa de 1970, outro não menos genial brasileiro começava sua trajetória no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos.
Entre 1970 e 1974, o paulistano Carlos Nobre, 71 anos, formou-se em Engenharia Eletrônica pelo ITA e foi trabalhar em Manaus, no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Reconhecidamente um dos climatologistas mais importantes do mundo, Nobre agora busca no passado do Vale do Paraíba o que pode ser o futuro da Amazônia. Ele quer unir a história das duas regiões e construir, em plena floresta, o Instituto de Tecnologia da Amazônia (ou Amit, na sigla em inglês).
“Será uma instituição pan-amazônica, com vários países participando, capaz de produzir ciência de ponta no padrão dos melhores centros do mundo”, disse Nobre.
Tão genial quanto simples, como um gol de Pelé, Nobre quer fazer com que a Amazônia se beneficie do Amit assim como o Vale se beneficiou do ITA.
“Estudei engenharia no ITA quando a Embraer foi criada. Me lembro que a Embraer foi criada por ex-alunos do ITA. Da minha turma, três foram para a Embraer e um dele se tornou vice-presidente. Ninguém discute o fato de que o Brasil é o terceiro maior produtor de aviões do mundo, e que não existiria a Embraer se não fosse o ITA”, afirmou o cientista.
“A ideia que estamos desenvolvendo é que a Amazônia precisa de uma espécie de um ITA, para desenvolver essa nova bioeconomia. Estamos desenhando para criar esse novo instituto na Amazônia”, completou.
Nobre sabe que a floresta tem muito mais valor em pé do que cortada, e que as populações amazônicas, no Brasil e nos países ao redor, podem se beneficiar de produtos inovadores, da biodiversidade e dos recursos naturais bem utilizados. Golaço da ciência.
O Instituto de Tecnologia da Amazônia de Carlos Nobre está em fase de estudos avançados e apresentação a governos. Deve sair do papel por meio de uma parceria público-privada. Órgão terá cinco áreas de ensino e pesquisa: floresta e sociobiodiversidade, paisagens alteradas da Amazônia, água, infraestrutura sustentável e Amazônia urbana.