Geraldo Vaz Junior, de 58 anos, vive um drama médico e jurídico desde que recebeu um fígado com câncer no transplante realizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, pelo SUS. O caso, considerado extremamente raro por especialistas, resultou em metástase no pulmão do paciente, confirmando que o tumor teve origem no órgão transplantado.
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Diagnosticado com cirrose hepática causada por hepatite C desde 2010, Geraldo entrou na fila nacional de transplantes e foi operado em julho de 2023. Sete meses depois, exames apontaram seis nódulos malignos no novo fígado.O teste de DNA realizado em 2024 comprovou que as células cancerosas eram da doadora, mulher que morreu de AVC.
O laudo indicou cromossomos femininos (XX) nas células do tumor, enquanto Geraldo, homem cis, possui cromossomos XY: prova de que o câncer veio com o órgão. O paciente foi submetido a um segundo transplante em maio de 2024, mas, em agosto, foi diagnosticado com metástase pulmonar do mesmo tipo de adenocarcinoma.
Ao Metrópoles, o oncologista Paulo Hoff, da USP, classificou o episódio como “fatalidade médica”, acrecentando que tumores ocultos podem passar despercebidos nos exames de triagem.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que não havia sinais de câncer na doadora e que todas as normas internacionais foram seguidas. O órgão acompanha o caso junto à Central Estadual de Transplantes e ao hospital responsável. Já a Secretaria de Saúde de São Paulo afirmou que os procedimentos seguem protocolos rigorosos de segurança.
A esposa de Geraldo, Márcia Helena Vaz, iniciou campanha pública pedindo apuração do caso.
Sem possibilidade de cura, o paulista enfrenta agora tratamento com quimioterapia contínua, enquanto tenta obter respostas sobre como um órgão com câncer foi aprovado para transplante.
*Com informações do Metrópoles