O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Em mais de três horas de leitura, Moraes detalhou o que chamou de “organização criminosa” formada por integrantes do governo, das Forças Armadas e de órgãos de Estado.

Segundo o ministro, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, usou a agência para monitorar ministros do STF e espalhar fake news. Já o ex-ministro da Justiça Anderson Torres usou a PRF para atrapalhar o voto de eleitores. Moraes também citou a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que confirmou ter participado de diversas reuniões golpistas.

Documentos encontrados pela Polícia Federal na casa do general Augusto Heleno mostraram, de acordo com o relator, planos de deslegitimar eleições e atacar instituições. O então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, também virou alvo ao assinar nota “criminosa” que questionava a lisura das urnas, sob orientação direta de Bolsonaro.

Moraes ainda apontou o general Braga Netto como um dos líderes da trama, ao lado do ex-presidente, como responsável por financiar atos e intermediar contato com acampamentos golpistas. O plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa até assassinato de autoridades, recebeu recursos em espécie entregues a Mauro Cid, conforme depoimento deste.

O voto também mencionou o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, acusado de oferecer tropas a Bolsonaro para apoiar a ruptura institucional. Para Moraes, todos os elementos demonstram a tentativa deliberada de golpe de Estado.