GAZETILHA

Chantagem americana

Por Corrêa Neves Jr. | Editor do GCN/Sampi
| Tempo de leitura: 8 min
Ilustração

“A história dos impérios é a história de sua arrogância”
Reinold Niebuhr
, teólogo e filósofo americano

O que foi apresentado ao mundo como uma disputa comercial entre aliados revelou-se, sem esforço, uma chantagem diplomática de rara ousadia e burrice ainda maior. Donald Trump não quer renegociar tarifas coisa nenhuma. Quer porque quer salvar Jair Bolsonaro. Nem, que para isso, tenha que destruir empresas brasileiras e levar à demissão milhares de trabalhadores, como se fossem todos brinquedos que se descartam quando a diversão acabou.

Não há mais disfarces. O presidente americano tenta instrumentalizar a política externa de seu país para proteger um aliado pessoal - e, por extensão, o que ambos simbolizam: um projeto mundial populista de extrema-direita que flerta com o autoritarismo e o fascismo, despreza instituições e se ancora no ressentimento social.

Sob o pretexto de “desequilíbrios comerciais”, Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como café, carne, cítricos e aço. Essa foi a desculpa, mais do que esfarrapada. A mensagem real foi entregue em voz alta: o cancelamento das sanções depende do encerramento puro e simples de todas as investigações contra Bolsonaro e sua trupe, acusados de arquitetar uma tentativa de golpe de Estado em 2022 e uma insurreição no 8 de janeiro de 2023

O nome disso é chantagem. Política mesquinha disfarçada de comércio. Não apenas contra um líder, mas voltada contra o próprio sistema de Justiça brasileiro como um todo. E, como já dito, sem nenhuma preocupação do impacto que pode provocar na vida de milhões de pessoas.

Trump age como se o Brasil fosse um protetorado sem autonomia. Como se pudesse ditar, de Washington, os rumos de processos e ações penais que tramitam no Supremo Tribunal Federal. Como se os freios institucionais de uma democracia pudessem ser dissolvidos ao sabor de conveniências eleitorais.

Não é a primeira vez que um império tenta se impor apenas pela força, ignorando limites mínimos de razoabilidade. A história está cheia de capítulos assim - quase sempre, sombrios.

Roma, em sua decadência, não caiu por exaustão econômica, mas por arrogância estratégica. Tentou sufocar todos os “bárbaros” que ousavam prosperar fora de sua sombra. Atacou antes de ser atacada, ignorando lições de sucesso do seu próprio passado. Reagiu a todo sinal de autonomia com repressão e tarifas. Não funcionou.

Os mongóis, império relâmpago e brutal, também tentaram esmagar rivais por meio da força total, brutal. Ficaram gigantes, expandiram para uma extensão inimaginável, mas duraram pouco.

Já a Espanha dos Habsburgos, entre os séculos XVI e XVII, embriagada pelo ouro das Américas, impôs tarifas, bloqueios e bulas papais contra quem ousasse ameaçar seu domínio. Era poderosa, mas profundamente centralizadora. Resultado: foi atropelada pela Inglaterra emergente, que apostou no comércio, na marinha e nas alianças. Quando caiu, a Espanha ainda parecia intacta por fora - mas já estava corroída por dentro.

E os britânicos? Construíram um império com livre comércio e artilharia. Mas, ao verem sua influência minguar no pós-guerra, reagiram como todo império decadente: com nostalgia agressiva. Vem daí a essência do trumpismo: um saudosismo imperial embriagado de revanche. E, no caso de Trump, abstêmio como Hitler, o porre é de Coca Cola.

A Guerra Fria também ensinou. A contenção imposta pelos EUA à União Soviética não mirava apenas em segurança ou no inimigo comunista: era, sobretudo, um alerta a todo país que ousasse construir um modelo fora da órbita ocidental.

Hoje, o mesmo espírito reaparece. O Brics incomoda não pela economia, mas pela ousadia simbólica. Pelas rotas alternativas que propõe. Pela recusa em aceitar que há apenas um modelo de democracia - ou de sucesso.

Há um fator novo, e perigoso, nesta equação: Jair Bolsonaro. Não que ele seja grande coisa, mas a cruzada de Trump contra o Brasil não é apenas geopolítica. É pessoal, tem a ver com identificação de padrão e propósito.

Como se as ameaças tarifárias não fossem o bastante, mandou revogar os vistos de entrada nos EUA do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e de ministros do Supremo, como Alexandre de Moraes. Oito dos onze juízes da corte brasileira estão hoje impedidos de pisar em solo americano. Não é só. Suas famílias, também. Nada disso tem qualquer razão jurídica, nem decorre de conflito diplomático. É apenas um capricho.

A retaliação, aqui, é dupla: ao Brasil, propriamente dito, e à ideia de que a Justiça possa se impor à política - talvez embutido aí um pavor de que a coragem do judiciário brasileiro se mimetize na sua “América”. É um aviso. E um escárnio.

Trump não está agindo como estadista. Está se portando como imperador à moda antiga – desses que incendiavam cidades só para provar que podiam.

E agora? A dez dias da entrada em vigor das tarifas, a pergunta que se impõe é: onde essa briga vai dar? Há alguns cenários possíveis. Vejamos:

Cenário 1: o Brasil recua e aceita calado.
Sem retaliação, as tarifas vigoram. O consumidor americano paga mais caro por café, carne e suco de laranja. Grandes redes de varejo pressionam. O agronegócio brasileiro sente o baque, mas se reorganiza e redireciona parte da produção para China, Índia, Oriente Médio. Trump tenta capitalizar politicamente, mas o desgaste interno aumenta. Afinal, nenhum eleitor, nem o da extrema-direita, gosta de pagar mais pelo mesmo café, suco ou hamburguer.

Cenário 2: o Brasil responde na mesma moeda
Tarifa de 50% por tarifa de 50%. Trump dobra a aposta e aplica 100%. O conflito vira símbolo da disputa global entre dois mundos. A tensão sobe. O Brasil, pressionado, acelera acordos com Brics, África e Ásia. Ganha projeção global, mas perde no curto prazo. Trump, encurralado por sua própria lógica, radicaliza. Os EUA se isolam ainda mais, enquanto a América Latina, pela primeira vez em décadas, olha menos para Washington e mais para o próprio umbigo. Não por compaixão ao Brasil, mas por medo de que possam ser os próximos na fila.

Cenário 3: o Brasil retalia de forma seletiva.
Nada de espelho direto. Em vez de aplicar 50% sobre tudo, o governo brasileiro atinge setores estratégicos dos EUA: trigo, etanol, tecnologia agrícola. Mostra força, mas com cálculo. Trump responde com fúria, mas encontra resistência interna: lobbies, cafeterias, mercados, exportadores começam a chiar. A tensão vira debate eleitoral nos EUA. E o Brasil, longe de parecer fraco, assume a postura do adulto da sala, ainda que ferido.

O mais grave, no entanto, é que nenhum desses cenários comerciais - com ou sem retaliação - resolve o ponto central da questão.

Nenhum movimento de tarifa, veto ou ameaça livra Jair Bolsonaro de seu destino. Nem da Justiça brasileira. Trata-se, no fundo, de uma cruzada fadada ao fracasso. Porque não há como fingir que nada aconteceu. Que um golpe de Estado não foi tentado. Que não houve ataque às sedes dos poderes. Há confissões demais, vídeos demais, provas demais. Há generais e assessores que já entregaram a engrenagem. Documentos que mapeiam cada passo. E um país que, mesmo com suas contradições e divisões, ainda possui instituições funcionais demais para serem dobradas.

Discutam-se os efeitos comerciais à vontade. Mas o objetivo político de Trump, salvar o amigo da guilhotina judicial, é inalcançável. Se o Brasil ceder, acaba não apenas o governo, mas também as suas próprias instituições. É opção inexistente.

E é aí que mora o perigo. Porque se a História nos ensinou algo, é que impérios desesperados diante de objetivos impossíveis tendem a escalar os conflitos.

A pergunta, portanto, muda de forma. Deixa de ser “o que o Brasil fará?” e passa a ser “o que Trump fará quando perceber que não há nada que possa fazer?”

Cenário A: Trump recua
Diante da pressão interna e internacional, percebe o custo da escalada. Suspende as tarifas, nega que tenha condicionado nada a ninguém. E finge que nunca disse o que disse. É o caminho mais racional, mesmo porque ele já fez isso antes. Mas, também, é o menos provável.

Cenário B: Trump avança
Triplica as apostas. Agride economicamente, humilha diplomaticamente, radicaliza a retórica. O Brasil se torna símbolo da "resistência a Trump". O conflito se torna crônico. E o custo, incalculável, para a economia americana e, mais ainda, para a brasileira.

Cenário C: Trump ignora
Não cede, mas também não age além. Mantém as tarifas, deixa o tempo correr, espera que outros resolvam por ele. A relação Brasil-EUA entra em estado de dormência. O dano é imediato, profundo, deixa sequelas, mas pode ser administrado no tempo.

Em todos os casos, Bolsonaro permanece onde está: sob investigação e julgamento. E Trump, onde sempre esteve: refém de um projeto de poder que mistura revanche, medo e mediocridade.

O mundo, mais uma vez, assiste ao velho espetáculo de um império em crise tentando se salvar pela força da negação. O nome disso, os manuais chamam de declínio. Mas há quem insista em pintar esse colapso com as cores berrantes do heroísmo. Fingem que ruínas são muralhas.

No fim, o único império que Trump realmente tenta preservar é o da impunidade. Mas até este dá sinais de fragilidade – e de que pode desmoronar.

Corrêa Neves Jr é jornalista, diretor do portal GCN, da rádio Difusora de Franca e CEO da rede Sampi de Portais de Notícias. Este artigo é publicado simultaneamente em toda a rede Sampi, nos portais de Araçatuba (Folha da Região), Bauru (JCNet), Campinas (Sampi Campinas), Franca (GCN), Jundiaí (JJ), Piracicaba (JP) e Vale do Paraíba (OVALE).

Comentários

15 Comentários

  • Helio P Vissotto 28/07/2025
    Esse artigo é a expressão da máxima soberba ou da pura loucura!
  • Darsio 26/07/2025
    Ei José! Já pensou em se pautar na razão? É direito seu não concordar com o autor e questioná-lo, mas faça isso por meio de ideias amparadas pela racionalidade e, não pela insanidade. Você questiona a Venezuela, mas se informasse de verdade e não ficasse centrado nas merdas que saem de sua privada, estaria sabendo que o alaranjado do Trump acaba de autorizar que a Chevron possa novamente operar em território venezuelano. O mesmo alaranjado que foi presenteado com um Boeing 747 de luxo , do governo do Qatar que, como se sabe é um país onde não se respeita os direitos humanos e, que na copa do mundo, submeteu os trabalhadores a um regime análogo a escravidão. Golpe em aposentados! Oras! por qual motivo a CPI não avança no Congresso, se os bolsonaristas são maioria? Simplesmente porque sabem que há farta documentação que aponta que o esquema de desvio ganhou força no Governo Bolsonaro e, que foi exatamente o Governo Lula que deu total liberdade e transparência para que o esquema fosse revelado e investigado. E, olha que diferente de Bolsonaro que deu calote nos precatórios, os aposentados devem ser ressarcidos nesses próximos meses, ainda nesse governo. E, por fim, se tu és um desses que adoraria se esfregar nas genitálias do Trump, sugiro que migre imediatamente para os EUA, antes que não haja mais espaço. Ah, me esqueci! Você é latino e, portanto Trump não deixará que lambe as bolas dele, pois o considera lixo!
  • JOSÉ RICHARDS MARTINS 23/07/2025
    Nota-se claramente que esse artigo ou comentário, se trata de uma opinião pessoal e clara de alguém que deve ser entusiastas pelo regime que trata o povo como um submisso, sujeito a regras e decisões daqueles que não se importam com o povo. Fazer uma comparação e chamando o Presidente Jair Bolsonaro com desprezo ,não que seja grande coisa, demonstra isso .A retaliação não é contra o Brasil e sim contra um regime cheio de falcatruas ,culminando com máximo de roubar o pouco dinheiro dos idosos aposentados ,será que o autor acha normal isso???Estão querendo estabelecer uma república vermelha no país e ai sim ser subserviente a China ,onde o seu ditador é chamado ,de acordo com órgãos internacionais um dos maiores, se não for o maior assassino em massa da população chinesa ,que morreram de fome enquanto havia fartura em suas mesas e de seus capangas ,exemplo atual disso é a Venezuela ,esse mesmo ditador não foi nem um pai de família descente. A chamada retaliação é contra os considerados ditadores da toga, que nem juízes na realidade são que colocaram inocentes presos enquanto soltam bandidos e traficantes, ações que são e foram amplamente divulgados pelo que resta de uma mídia que teria de ser imparcial, porém infelizmente não são. Para terminar, gostaria que os vermelhos enrustidos, também normalmente são ateus, mostrassem onde o regime que escravizou o povo deu certo??Aqueles que foram ditadores usando esse maldito regime político onde estão hoje???Quais foram o destino deles??Porque essas pessoas que amam Cuba e seu regime não mudam para lá??
  • José 22/07/2025
    Dos 3 deputados federais mais votados do estado de SP um fugiu para os Estados Unidos para conspirar contra o Brasil a outra fugiu para itália porque nos EUA a saúde é muito cara, claro lá não tem SUS. Deus = Trump, Patria = EUA, Família = bolsonaz1s... Jair acima de tudo e o gado me mandando pix
  • Abreu 22/07/2025
    Cachorrinhos adestrados correm buscar a coleira quando o Trump estala o dedo.
  • jaques campos 22/07/2025
    Parlamentares não podem tudo; tem de se submeter a constituição. Quem diz se eh constitucional ou não eh o Supremo, segundo a propia constituição. Agora, não concordo que trump queira salvar o bolsonaro, apenas o usou para retaliar o Brasil e os Brics. O que o preocupa na verdade são os Brics, que ameaçam a supremacia americana em decadência. O propio trump sabia que para bolsonaro o tiro sairia pela culatra, alem de ser considerado traidor da patria, a taxação ameaça principalmente seus apoiadores que deixam de lhe dar apoio. bolsonaro esta fudido.
  • Edmo Ferreira 21/07/2025
    Que perda de tempo. Levar uma semana escrevendo um texto, provavelmente tentando convencer os leitores sobre essa falsa defesa da soberania. Não é nada disso, na verdade essa demonstração de força é só um instrumento para barrar a escalada de abusos de poder do STF brasileiro.
  • Freitas 21/07/2025
    Que chororô! Quer dizer então que o senhor concorda com os infinitos abusos anticonstitucionais cometidos pelo judiciário brasileiro especialmente em relação ao golpe que nunca aconteceu... abuso de poder, censura, tortura, prisões sem condutas individualizadas. Tanto o judiciário americano quanto o espanhol viram e o pseudo intelectual francano foi incapaz. Você forçou muito a barra dizendo que o brics incomoda pela ousadia... não é pela aliança a ditaduras inclusive teocráticas não, é pela ousadia... é o mal do francano médio, incapaz de tirar os olhos do próprio umbigo e olhar para questões maiores. Além da ausência de um sistema de navegação por satélite próprio, o Brasil é dependente de outros países em várias áreas estratégicas, principalmente devido a fatores tecnológicos, industriais e geopolíticos. O Brasil é uma várzea.
  • Jorge 20/07/2025
    Cidadão sonha o dia em que o Brasil entre para o seleto grupo da Venezuela, cuba, Irã, Rússia etc.... aí viveremos no paraíso socialista, todos iguais, todos famintos, bom, poderemos comer uns aos outros...
  • Cimar Mariano da Silva 20/07/2025
    Eu gosto é assim viu Sr Corrêa Jr...amostradinho. Cuidado em... Vai que o seu nominho vai para na mesa do “Larajão” e o Sr fica impedido de visitar a Disneylândia... Cuidado em a Cia vê tudo ... Fica a dica!
  • Zezim 20/07/2025
    Eu sou amigo do Trump... O povo brasileiro que se dane..
  • José 20/07/2025
    Eu não vou me ater nas imprecisões históricas cometidas por este colunista. Apenas dizer que os privilégios políticos serão mantidos. Quem vai perder com isso tudo será o povo brasileiro, com menos saúde, menos educação, menos saniamento básico e menos dinheiro no bolso, claro. O povo pagará esta conta. Mais uma vez.
  • Darsio 20/07/2025
    Está claro que toda essa política de sobretaxa a produtos brasileiros é simplesmente para livrar o Bolsonaro da cadeia. O que me admira são os imbecis do agro ainda idolatrar esse VAGABUNDO DO BOLSONARO, sabendo-se que estão sendo profundamente prejudicados por uma iniciativa que prima única e exclusivamente os interesses da família Bolsonaro. O mesmo se aplica aos trabalhadores que tendem a perder os seus empregos. E, os burros ainda clamam pela democracia, mas nada reclamam da comunista China ser a grande importadora de seus produtos. Aliás, que democracia defendem? Proibir um país de estabelecer acordos comerciais e até mesmo vir a usar sua própria moeda, chama-se liberdade? Colocar as forças armadas para impedir os cidadãos americanos de protestarem contra a política anti-migração é defesa da liberdade? Ameaçar fechar as universidades que, possam criticar as políticas do Trump é sinônimo de liberdade? Processar os jornais e emissoras de TV que façam críticas ao Trump é respeitar a liberdade? Bolsonarista é um ignorante que não aceita discutir pelo caminho da razão, daí ele rezar para um pneu ou ainda tentar se comunicar com extraterrestres via celular sobre a cabeça. Aliás é burro e covarde, pois frequentemente escreve um monte de asneiras, mas prefere se esconder por meio de um codinome
  • Darsio 20/07/2025
    E o que falar do VAGABUNDO DO EDUARDO BOLSONARO? Esse FDP que nunca trabalhou na vida, continua a usufruir dos privilégios e, não tem medido esforços para conspirar contra a economia brasileira e os milhões de empregos dos trabalhadores brasileiros. E, tudo isso para tirar o pai da cadeia que, como sabemos é outro VAGABUNDO que nunca trabalhou na vida e vive as custas do erário público e do PIX de otários que o veneram como se fosse o novo messias. E, o VAGABUNDO do EDUARDO BOLSORARO já disse que não renunciará, ou seja, continuará nos EUA conspirando contra aqueles, cujos os pesados impostos pagos mantém os seus maravilhosos salários e privilégios. Quanto ao Trump esperamos que o capeta o convoque logo para os confins do inferno e, possa se juntar ao Hitler, ao Stalim, ao Ustra, ao Pinochet.
  • Jacir Guerino Rossi 20/07/2025
    Gostaria de saber em que parte do mundo o supremo governa passa por cima de votações da câmara e do senado com uma canetada anula 363 votos de parlamentares do país isto também está ?