EXTERIOR

Israel ordena esvaziamento de área de Rafah após meses de ameaças

da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
Rio de Paz faz manifestação em memória das vítimas do terrorismo em Israel
Rio de Paz faz manifestação em memória das vítimas do terrorismo em Israel

 Após meses ameaçando uma ofensiva terrestre em Rafah, Israel ordenou, nesta segunda-feira (6), o esvaziamento de partes dessa cidade lotada de refugiados palestinos ao sul da Faixa de Gaza. A estimativa é que cerca de 100 mil pessoas tenham que se deslocar, segundo um porta-voz militar.

A ordem acontece após um ataque do Hamas na passagem de Kerem Shalom, que dá acesso ao sul de Gaza e por onde passa ajuda humanitária, matar quatro soldados israelenses neste domingo (5). A ofensiva do grupo terrorista colocou mais uma camada de dificuldade nas negociações para um acordo de cessar-fogo, que se arrastam há mais de uma semana.

Qatar, Egito e Estados Unidos mediam há meses negociações entre Tel Aviv e a facção palestina para tentar alcançar uma trégua nos combates. A ideia é que, assim como o cessar-fogo de novembro, o acordo troque palestinos que estão em prisões israelenses por reféns mantidos em Gaza desde o início da guerra, há quase sete meses.

As persistentes diferenças entre as duas partes, porém, têm dificultado a chegada a um consenso --a facção exige que a guerra termine após a libertação dos reféns, enquanto Israel rejeita tal possibilidade. As negociações devem prosseguir nesta segunda, em Doha, com a chegada do diretor dos serviços de inteligência de Washington, William Burns.

Com ou sem trégua, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu que invadirá Rafah apesar das preocupações da comunidade internacional com o número de civis na cidade, o último refúgio para mais da metade da população de Gaza atualmente.

Pela rede social X, o Exército de Israel afirmou ter expandido a uma área humanitária em Al Mawasi, cidade localizada na costa a cerca de dez quilômetros de Rafah e que incluiria hospitais de campanha, tendas e estoques de alimentos, água e medicamentos.

"Chamadas para se mudar temporariamente para a área humanitária serão transmitidas por meio de panfletos, SMS, telefonemas e transmissões na mídia em árabe. O Exército continuará perseguindo o Hamas em toda a Faixa de Gaza até que todos os reféns que eles mantêm em cativeiro voltem para casa", afirmou.

Durante meses, Israel ordenou que a população se retirasse do norte de Gaza, alvo da maior parte dos ataques de Tel Aviv e onde a situação humanitária é especialmente alarmante. Assim, centenas de milhares de pessoas se deslocaram em direção ao sul de Gaza, onde fica Rafah. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que cerca de 1,5 milhão de pessoas se amontoam atualmente nessa cidade que, antes da guerra, era lar de cerca de 280 mil palestinos.

À agência de notícias AFP, um morador confirmou que algumas pessoas receberam mensagens de voz nos seus telefones convidando-as a sair da região.

Pouco depois do ataque do Hamas ao posto israelense, um bombardeio atingiu uma casa em Rafah, matando ao menos 16 pessoas, de acordo com médicos palestinos. O Exército de Israel confirmou o contra-ataque, dizendo que o alvo atingido foi de onde partiram os projéteis que atingiram Kerem Shalom, além de uma "estrutura militar" próxima.

Após uma noite sob bombardeios, um casal que mora em Rafah disse à AFP que soube da operação de retirada ao acordar. "Minha família e eu, 13 pessoas, não sabemos para onde ir", declarou à agência Abdul Rahman Abu Jazar, 36, antes de destacar que as zonas humanitárias designadas pelo Exército já estão superlotadas.

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