Opinião

Dieta e Medicina Chinesa

31/03/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Após o término de um atendimento, é comum que o paciente me pergunte se existe algo mais que ele possa fazer além de seguir as minhas recomendações, contribuindo para acelerar o seu retorno ao estado de saúde.

"Doutor, existe algo que eu possa comer para ajudar ou mesmo algo que eu deva evitar?" - eis a pergunta que eu escuto com frequência, mostrando que, mesmo instintivamente, sabe-se que a dieta é uma parte importante de qualquer tratamento, seja colaborando com a cura ou ainda inviabilizando-a, se não for tomado o mínimo de cuidado.

Falando em dieta vem à mente um processo de escolha dos alimentos onde até se faz um "juízo" deles:  determinado alimento é "bom" para uma coisa e outro alimento é "ruim" para outra coisa. Quero desfazer essa imagem agora!

Não existem alimentos "bons" ou "ruins", eles simplesmente têm as suas características próprias. Com frequência os efeitos deletérios que observamos são decorrentes do mau uso dessas características, seja por um preparo inadequado ou mesmo um consumo desbalanceado.

A medicina chinesa é a favor do consumo variado de todos os tipos de alimentos,  pois acredita-se que eles são portadores da energia nutritiva da Terra e, por isso, temos que absorvê-la integralmente.

Um aspecto pouco observado que influencia muito é o próprio costume de se alimentar. Certo, os hábitos podem propiciar uma melhor absorção e digestão dos alimentos fazendo com que eles liberem a sua energia para o nosso corpo com maior facilidade.

Quem é descendente de italiano sabe que nessa cultura é costume comer primeiro os carboidratos de uma refeição (o macarrão, o arroz, os pães), seguindo pelo segundo prato que é composto basicamente de proteína (carnes, frango, peixes) e, por fim, no terceiro e último prato, a salada, normalmente de folhosos.

Esse hábito está em conformidade com os ensinamentos da medicina chinesa, quando ela ensina que tipos de alimentos diferentes se transformam em energias de densidade diferente,  não sendo produtivo mistura-los, portanto.

Colocando este hábito no nosso dia a dia podemos melhorar a nossa digestão, independente do alimento que vai ser consumido. Experimente e verá! Sentirá alívio nos sintomas de má digestão, refluxo ou mesmo azia, que é a queimação estomacal, normalmente provocada pelo excesso de acidez.

Existe uma justificativa fisiológica para isso, também: Os carboidratos se compõem de moléculas compostas de átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio, que são melhor digeridos em ambientes neutros ou alcalinos nas suas secreções, como na boca e no duodeno, que é a primeira porção do intestino após o estômago. Já as proteínas são compostas de moléculas formadas por derivados da amônia, com átomos de nitrogênio. Para melhor digestão desse elemento é necessário um ambiente muito ácido, que no nosso caso é formado dentro do estômago.

Caso sejam misturados, a digestão de nenhum dos dois será perfeita e os sintomas vão ocorrer, além de diminuir a capacidade de absorvê-los.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura, com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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