
Frases como "engole o choro", "homem não chora", "você tem que..."foram muito comuns para certas gerações. Sentimentos e emoções eram moldados de acordo com o quê os pais queriam, não levando em consideração o que a criança sentia ou queria.
Esse modelo de educação deixou marcas profundas nessas gerações e hoje em dia uma nova corrente chega através de muitos estudos do comportamento apontando um novo caminho onde gritos, surras, e padrões arcaicos da educação infantil vêm sendo "trocados" por padrões mais modernos e respeitosos.
Essas marcas hoje se refletem em dores ou doenças físicas, mentais e emocionais.
O diafragma é o principal músculo da inspiração. Quando puxamos o ar, ele se contrai e desce no sentido do abdome, diminuindo a pressão interna na caixa torácica e facilitando a entrada do ar em nossos pulmões. O diafragma é o músculo que divide nosso tronco ao meio, a parte superior é o nosso tórax e a inferior é o abdome.
Quando passamos por alguma situação muito desconfortável emocionalmente, podemos ativar uma "couraça" em torno deste músculo, tornando excessivamente tenso, pois, quando aprendemos a segurar o choro, o medo, as risadas, contraímos e seguramos a nossa respiração.
Porém, o diafragma tem pilares que estão fortemente inseridos nas últimas vértebras torácicas e nas primeiras lombares, além das últimas costelas, sendo responsáveis pelo movimento de abertura costal, como disse, para a entrada do ar.Além disso, há orifícios no diafragma por onde passam os hiatos esofágico e aórtico. Pelo hiato esofágico passa o esôfago, e pelo aórtico, passa a artéria aorta, principal vaso que sai do coração e envia sangue para todo o corpo.
O diafragma se conecta com o músculo psoas através do ligamento arqueado medial e com o músculo quadrado lombar pelo ligamento arqueado lateral. O psoas é um importante músculo do quadril e tem relação direta com a coluna lombar e com as dores lombares. Já o quadrado lombar tem relação importante com a estabilização do tronco.
A inervação do diafragma se dá pelos nervos frênicos, que se originam na coluna cervical, e dão ordem para o diafragma contrair e também levam a informação de dor ao sistema nervoso central. O diafragma também tem um importante papel sobre as vísceras, como fígado, baço, coração, que se conectam diretamente a ele e qualquer alteração no tônus do diafragma pode repercutir nestes órgãos. Assim, azia, refluxo, problemas intestinais, problemas pélvicos, dores no peito, dores cervicais, torácicas e lombares, podem ter relação com o diafragma.
O problema é que quando seguramos a nossa respiração por causa de medos, estamos segurando a fonte da vida, afinal, estamos vivos porque respiramos. Prender a respiração pelo medo é uma forma de nos adequar ao que "esperam de nós", é como segurar a vida no corpo, é cortar a conexão consciente com a vida, o que acaba refletindo em dores emocionais, fadiga, cansaço, depressão, ansiedade, pânico, falta de vontade de viver. Restaurar a respiração não é algo apenas físico, mas algo que pode ditar a nossa saúde integral. A conexão do principal músculo da respiração com o nosso corpo é algo real, importante e deve ser preservado, poupado e olhado pelos profissionais da saúde. Treinar a respiração é cuidar da saúde integral. Muita saúde a todos.
LICIANA ROSSI é pós-graduada em Treinamento Desportivo (Unicamp), Exercícios Corretivos (Academia Nacional de Medicina Esportiva dos USA), CHEK Practitioner2, HolisticLifestyle Coach2, CHEK Institute/USA, L.P.F. Specialist e graduanda SomaTraining/ELDOA-USA.