OPINIÃO

O perigo não está só em quem faz o mal


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Tem gente que olha para a floresta e só vê lenha para queimar, esquecendo ou ignorando, por completo, a importância dela no passado, presente e futuro!

Tem muita gente que, embora saiba, veja e tem como modificar esse entendimento preferem o silêncio, tipificando que a omissão seja tão ou mais grave que a própria ação!

Essa linha de pensamento nos remete ao famoso poema de Bertold Brecht: "Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego, também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém. Ninguém se importa comigo".

E Albert Einstein disse:  O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”

Bastante oportuna essa abordagem, pois a maldade aflora a cada dia e aumentando com poucos resultados efetivos. Infelizmente em vista da prática e vida cotidiana, pois que, por exemplo, a “mulher” era considerada “incapaz” até o ano de 1962 com a entrada da Lei n. 4.121 que aboliu a submissão legal dela ao marido.

No que respeita a “submissão”, é de se lamentar que há segmento religioso impondo tal condição às mulheres, a ponto de, de acordo com as estatísticas, elas ocuparem postos elevados na escala da violência, vez que muitos ‘maridos” se colocam na posição de “donos” delas entendendo que podem fazer o que bem entendem!

Outra postura que confirma essa ideia é a posição da mulher no mercado, onde ela conduz o carrinho e o homem escolhe o que vai comprar, pois é o “provedor”! Reparem.

Mudando um pouco o rumo da prosa no que respeita ao tratamento igualitário e em combate às desigualdades, vale lembrar das cotas envolvendo o gênero, pois se igualdade houvesse certamente não haveria necessidade das cotas e o Judiciário, pelo Conselho Nacional de Justiça, obrigar a formação permanente e continuada de magistrados e magistradas em gênero, raça e etnia.

Penso que a melhor forma para reduzir essas desigualdades seja a educação de qualidade e verdadeira garantindo conhecimento real e respeitoso a todos os segmentos sociais e não a direcionada como ocorre.

Seguramente com a entrega de educação regular, o resultado será de altíssima relevância inclusive sem apropriação da cultura de um segmento sobre o outro, como por exemplo, os ataques contra a religião afrobrasileira, pois conforme afirma o Jurista Dr. Hedio Silva Jr. em sua obra Racismo Religioso assenta: É curioso observar que em vez de criar suas próprias manifestações culturais, o racismo religioso pretende pilhar, desqualificar, desfigurar e, no limite negar a existência do patrimônio cultural afro-brasileiro, “desafricanizá-lo” e no limite, ”cristianilizá-lo” não havendo registro da existência de “quibe, yakisoba, escargot, croissant, judô ou karatê de Jesus”, sendo indisfarçável, portanto, a intenção de associar todo e qualquer patrimônio cultural afro-brasileiro à demonização e ao ódio (pag.137).

E segue o Jurista: A propósito da tutela jurídica do sentimento religioso, assevera o escritor, influenciador digital, Dirigente Umbandista e Amigo Rodrigo Queiroz, que seria descomplicado projetarmos o desfecho de um cenário no qual um(a) sacerdote(isa) de Religião Afro-brasileira, devidamente paramentado, montasse uma barraquinha na Avenida Paulista e colocasse à venda uma porção de hóstias intitulando-as como “petiscos de Oxalá”
Assim Estimadas: “cada um na sua” e o respeito acima de tudo, buscando sempre criar espaços onde caibam todas as pessoas, pois os resultados serão benéficos em todos os sentidos configurando, sem dúvidas, que se trata de ato inteligente.

Que o ano que se aproxima seja bastante próspero com os holofotes direcionados ao combate robusto contra todas as desigualdades alcançando a tão sonhada paz social.

Eginaldo Honório é advogado, doutor Honoris Causa e conselheiro estadual da OAB/SP

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