OPINIÃO

A era das incertezas


| Tempo de leitura: 3 min

Foi grande o esforço e a sabedoria das Nações, em 1945, no pós-guerra mundial para estabelecer uma nova ordem econômica e social, de forma a garantir a paz, conquistada a duras penas e reorganizar as economias dos principais países atores da guerra e, de certa forma,  a recuperação econômica mundial, a partir das relações econômicas internacionais.
Deu certo, os Estados Unidos emergiu como a maior potência econômica e militar, condição que preserva até os dias atuais. A Europa, destroçada pela guerra, se reergueu e se tornou, em seu conjunto,  um expressivo Bloco Econômico Mundial, destino do maior fluxo de turismo do mundo.

O Japão recuperou sua economia, se modernizou com avanços científicos e tecnológicos e se configura, atualmente, como uma grande Nação, moderna e tecnologicamente avançada. A Rússia também se modernizou  e avançou significativamente como potência econômica e militar.

A China se tornou a segunda maior economia mundial e um dos maiores precursores de inovações que revolucionam o mundo e, hegemonicamente, constrói esferas de poder, através de investimentos no exterior e forte inserção no comércio com seus parceiros comerciais, em todos os hemisférios, como áreas de sua influência.  Neste ano, o superávit nas transações de mercadorias e serviços com o exterior, já será superior a US$ 1,0 trilhão.
Foram 80 anos, após a segunda guerra mundial, de grandes transformações socioeconômicas no Planeta.  Todavia, as perguntas, ainda, sem respostas, se fazem necessárias. É hora ou momento de mudar as estruturas das Instituições constituídas? É hora de estabelecer uma nova ordem econômica mundial? Novas organizações?

Na semana de início deste dezembro, o presidente americano, Donald Trump, divulgou uma nova doutrina disruptiva, em que deixa em segundo plano a atual ordem liberal, construída a partir do Século XIX, prevendo uma distinção entre democracias e autocracias. Os Estados Unidos estão direcionando a sua política externa, deixando de lado a ideia liberal e assumindo, como prioridade de seu País, constituição de áreas de influência, principalmente, no hemisfério americano.

Trata-se de um retorno à Doutrina Monroe. A América para os americanos, que transformou a região como prioridade militar para os Estados Unidos.

Na mesma direção, considera o Hemisfério Ocidental como área de dependência militar e influência do seu País.Trump, com os tarifaços, prevê arrecadar a mais, cerca de US$ 380 bilhões por ano. O enfoque e a direção de suas ações com o exterior, tem duas vertentes: Sempre a “América First “– os Estados Unidos em primeiro lugar e a obtenção de superávits comerciais. Em seguida, a reforma da estrutura institucional, firmada nos anos 50, com a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, órgão de segurança militar da Europa, liderada pelos Estados Unidos.

A União Europeia, diante da ameaça militar da Rússia, a partir da guerra na Ucrânia e, estando defasada militarmente,  passou a destinar um percentual mais relevante de seus orçamentos, para investimentos bélicos, isto considerando também a ameaça americana de desconsiderar o status atual de garantidor militar da Europa. Há uma corrida armamentícia para um fortalecimento militar, pré-condição fundamental para garantir a paz, através de um equilíbrio de forças militares com a Rússia.

Da mesma forma age o Japão, tendo em vista, a instabilidade militar entre a China e Taiwan e as relações instáveis com a Coreia do Norte.

A realidade é que o mundo vem se tornando cada vez mais instável economicamente e perigoso.

Quanto ao Brasil, “desancorado” das expectativas e projeções do governo de que terminaríamos o ano de 2025 com uma dívida interna equivalente a 76,5 % do PIB – Produto Interno Bruto, analistas projetam que  esse índice chegará a 84,0 %, o que subjacentemente dificulta a queda da SELIC – Taxa Básica de Juros, hoje em 15,0 % ao ano.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia do Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas.

Comentários

Comentários