A indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL) como possível candidato à Presidência da República em 2026, feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, repercutiu entre lideranças políticas e especialistas de Jundiaí. Representantes do campo político de direita divergem sobre a indicação. Enquanto alguns celebram e acreditam ser uma boa estratégia, outros avaliam que há nomes melhores à disposição.
Entre os defensores da possível candidatura, o vereador Rodrigo Albino (PL) afirma que Flávio reúne confiança e capacidade de articulação. “É uma indicação natural. Ele é um player de combate, tem experiência de campanha e, por ser filho do Bolsonaro, é o nome de maior confiança. Além disso, por estar no Senado, pode articular apoios para 2026. A direita precisa estar unida para derrubar o PT; independente do nome”, declarou. Na mesma linha, o vereador Madson Henrique (PL) considera a indicação pertinente. “Bolsonaro é quem mais transfere votos no Brasil. Flávio é um nome forte, mas precisa caminhar, conversar e se aproximar ainda mais da ala conservadora”, disse. O presidente municipal do PL, Adilson Rosa, não respondeu até o fechamento da edição.
No campo de críticas, o presidente do Republicanos de Jundiaí, Fernando de Souza, classificou a indicação como desastrosa e sem contexto. “Não houve qualquer articulação em grupo. Vejo como um grande desajuste político. É uma decisão autoritária, marcada pela agressividade da família Bolsonaro. Não há espaço para essa ideologia extremista em 2026. O Brasil precisa de lideranças lúcidas, capazes de discutir economia, segurança jurídica e desenvolvimento”, afirmou.
O presidente do PSD Jundiaí, Ricardo Benassi, reforça que seu partido espera outra direção para a disputa e defende nomes já consolidados no cenário nacional. “O caminho que o Brasil tem tomado não é o da prosperidade, pela falta de corte de gastos e responsabilidade fiscal. Entendemos que o melhor nome seria Tarcísio de Freitas, mas, pela relação com a família Bolsonaro, ele deve focar na reeleição em SP. O PSD tem grandes quadros, como Ratinho Jr. e Eduardo Leite, ambos capazes de representar caminhos de futuro para o país”, pontuou.
Para o mestre em História e cientista social André Ramos Ielo, a indicação tem mais estratégia do que força real. Ele afirma que, no campo da direita, o bolsonarismo se tornou uma força distinta da direita tradicional e segue sendo indispensável para qualquer candidatura competitiva. “Tarcísio com algum Bolsonaro seria o ideal para a direita. Quem não tem ligação com o bolsonarismo quer seus votos, mas sem carregar o ônus da tentativa de golpe de Estado, prisão e radicalização. A família Bolsonaro sabe disso e usa o fato para negociação na busca de emplacar Flávio como cabeça de chapa ou, ao menos, como vice. A ideia é sempre manter poder e influência”, analisa. Segundo ele, o movimento pode ser tanto uma tentativa de consolidar Flávio como cabeça de chapa quanto de garantir que ele seja, ao menos, vice em 2026.