A eleição para presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Jundiaí (SindSerJun) foi marcada por episódios graves, nesta semana, com despacho judicial reconhecendo o comprometimento do processo eleitoral por violação de uma das urnas, acusações de intimidação a oficiais de justiça, violência, uso de arma de fogo e embates entre o presidente do sindicato, Márcio Cardona, e a vereadora Mariana Janeiro (PT). O episódio acarretou a suspensão e cancelamento do pleito, que ainda não tem nova data para acontecer. O caso, porém, ainda parece estar longe de terminar.
Em despacho proferido pela 4ª Vara do Trabalho de Jundiaí, a Justiça reconheceu que houve violação de uma das urnas itinerantes utilizadas no processo eleitoral do sindicato. Segundo o documento, o fato representou o momento em que “a gravidade da situação atingiu o ápice”. O despacho ainda citou “um cenário de tumulto generalizado e risco iminente à segurança” aos oficiais de justiça, e que “os servidores deste Juízo relataram um ambiente hostil, com a presença de diversos indivíduos causando desordem, o que coloca em flagrante perigo não apenas a lisura do processo eleitoral, mas, fundamentalmente, a integridade física dos próprios oficiais no exercício de suas funções.” Vale ressaltar que a ordem judicial de a urna ser armazenada no Fórum Trabalhista também foi descumprida. Havia 10 urnas, sendo uma fixa e nove itinerantes.
A Associação Nacional dos Oficiais de Justiça e Avaliadores Federais (FENASSOJAF) confirmou que os oficiais de justiça do TRT-15 foram vítimas de ameaças, intimidação e violência durante o cumprimento de mandado expedido pela 4ª Vara do Trabalho da cidade, para acompanhamento dos trabalhos. “De acordo com os relatos, após a identificação de irregularidades envolvendo uma urna itinerante, os oficiais de justiça foram impedidos de cumprir a determinação de transportar o material ao Fórum Trabalhista. Seguranças contratados pelo SindSerJun e manifestantes exaltados fecharam os portões, bloqueando a saída do local. Cercados por um ambiente hostil, os servidores tiveram de se esconder em uma sala da subsede do sindicato, em meio a momentos de tensão e risco iminente, até que a Polícia Judicial do TRT-15, a Polícia Militar e a Guarda Municipal de Jundiaí chegassem para garantir a segurança e realizar a escolta”, informou a nota.
Embate
Desde segunda-feira (15), o presidente do SindSerJun, Márcio Cardona, e a vereadora Mariana Janeiro trocam farpas, sobretudo pelas redes sociais. Na quarta-feira (17), a parlamentar publicou um vídeo avaliando a gestão de Cardona como “péssima” e afirmou que ele é “incompetente para exercer a função de presidente do sindicato”, além de ser “omisso e covarde”. Mariana deixa claro que as críticas são direcionadas a Cardona como presidente e jamais atacou a instituição. E lamentou que, após os acontecimentos no dia das eleições e as agressões contra os oficiais de justiça, os ataques agora se voltaram contra ela e o marido – servidor e concorrente ao pleito –, com a utilização da página do próprio SindSerJun. Mariana também se manifestou durante a sessão ordinária da última terça-feira (16).
Procurado, Cardona afirmou em nota que o SindSerJun cumpriu rigorosamente as determinações judiciais, registrando em ata e no processo a sua obediência, mesmo entendendo que havia extrapolação dos limites estatutários. “No primeiro dia do pleito, a coordenação eleitoral esteve presente e deu total apoio aos oficiais de justiça. Cada oficial foi designado para acompanhar e fiscalizar individualmente uma urna, desde sua saída até o retorno, garantindo transparência e segurança. O que de fato prejudicou a eleição não partiu do SINDSERJUN, mas sim da hostilidade das chapas 2 e 3, que atuaram em conjunto, tentando tumultuar e criar o caos para depois responsabilizar a entidade”, diz a nota.
Além disso, o presidente do sindicato afirmou que a situação foi agravada por clara ingerência política de alguns atores, como a “vereadora petista e seu marido” – referindo-se à Mariana –, e que as acusações são caluniosas.
Questionado sobre o uso das redes sociais da instituição para realizar ataques à parlamentar, Cardona respondeu que “não há ataque pessoal, mas sim defesa da entidade contra quem tenta manchar sua história para atender a projetos familiares e partidários. As páginas do SindSerJun são utilizadas para defender a instituição, e não interesses individuais”, diz. “As ofensas e ataques partem da nobre vereadora, que usa suas redes sociais e até mesmo o Legislativo para atacar não apenas a minha pessoa, mas o próprio Sindicato”, completa.