OPINIÃO

Um artista que esbanjou talento


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Anunciaram que Inos Corradin partiu. Sei de sua biografia de sucesso. Sabia de seu
empenho no que faz e a vontade incansável de reunir os amigos ao seu redor.

Em sua casa, a porta de entrada não tinha chave. A conversa acalorada e a saudável
controvérsia. O bom vinho italiano. A deliciosa “pasta”. A inseparável Helena,
companheira de todos os momentos.

Sempre teve este dom o Inos, nele os extremos se tocam. Cessam os contrastes. O prazer
pela vida e a paixão pela pintura. O encantado ateliê, sua oficina de arte, a menina dos
olhos de todas as manhãs.

Sua inspiração e criatividade alvorecem com o romper do dia, como a iluminar seus traços
e cores. Nunca mediu esforços, nem dificuldades. E coloque dificuldades nisso. Enfrentou
os amargos comentários fúteis, dos menos preparados sobre sua arte. Venceu.

O reconhecimento, em vida, a quem se dedica a este mundo de belas artes, é a maior
consagração que um artista pode ter. Hoje, já não pertence a este minúsculo mundo, sua
qualidade artística tem renome internacional. O artista e a imortalidade.

Presenteou seu talento para inúmeros trabalhos de autores anônimos, sem se preocupar se o mereciam. A gratuidade sempre foi sua melhor forma de ajudar. Coração generoso, sua
inesgotável misericórdia aos menos favorecidos. Jamais cultivou vaidades pessoais.

Seus arrancos de entusiasmo, o empenho, a criatividade, a retidão do caráter e a amizade.
Assim se conheceu este grande artista, nascido em novembro de 1929, em Vogna, província de Padova, nas românticas terras italianas. Percorreu outros lugares. O seu destino, no entanto, estava reservado. Em terras brasileiras, a querida Jundiaí, abrigou o jovem italiano. Cativo, se rendeu às suas belezas. Deparou-se com a sua fértil inspiração criadora. Casou. Vieram os filhos. Com eles, a maturidade de seus pincéis. Traçou maravilhas em tela, expressando suas primorosas ideias, em cores mágicas. É impressionante como manteve seu fervor de artista, no mais de seus 95 anos de
idade.

Em minha residência, a parede da sala ostenta um quadro pintado por Inos. O tempo se
encarregou para mudar toda a mobília da sala. O tempo só não mudou para a obra de Inos.

Ela continua com o mesmo fascínio, que só suas mãos mágicas, podem eternizar.

Inos Corradin, um artista que fez Jundiaí ser conhecida por plagas tão distantes, seduzindo
com suas cores, um mundo, onde só os gênios criativos conseguem sobreviver. Partiu sem
se despedir, você não morreu, apenas se ausentou. Continuará vivo em todos os
monumentos, esculturas, quadros, gravuras, expressadas pelo talento, de mãos mágicas, nas suas criações visuais. Quando escrevi um artigo sobre este gênio, mandou-me um bilhete: “fiquei realmente emocionado, muito grato e parabéns pelas suas crônicas saborosas, que são minhas, também”. Aos seus familiares gostaria de dirigir uma palavra de carinho e solidariedade. E acredito que a maioria do povo jundiaiense gostaria de fazer o mesmo.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

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