Na quarta-feira, dia 10, ocorreu na Câmara Municipal de Jundiaí a apresentação do projeto de revitalização para o Centro. Depois de várias seções, onde discursaram moradores, associações e comerciantes, a Secretaria de Planejamento apresentou suas propostas e levantou questões que precisam de nossa atenção.
A formação de um Comitê de Acompanhamento com associações e institutos, como se fosse um novo conselho, é algo legal de se fazer, porém informações e tomadas de decisões não podem se restringir somente a este comitê e devem ser compartilhadas e divulgadas para a população em geral.
De início, as ações de curto prazo que trazem a Zeladoria Urbana para iniciar a “revitalização” do Centro são reivindicações de tempos feitas pela população e comerciantes, por isso é importante que estejam dentro de um plano de rápida execução.
É importante que sejam feitas com a urgência necessária, porém alguns itens do que foi chamado de “Obras de Arranque”, como a “Reforma do Gabinete de Leitura” e Mobiliário Urbano para a rua Barão de Jundiaí, precisam ser analisados. O mobiliário urbano precisa ser objeto de concurso, como foi feito em São Paulo, com identidade e design para serem aplicados em toda a cidade, não só na rua Barão de Jundiaí.
As propostas para habitação no Centro, principalmente as de construção de HIS’s – Habitação de Interesse Social, assim como o Aluguel Social me deixaram surpreso de uma forma positiva. Precisamos ter o devido cuidado com novas construções, com gabaritos e tipologias em harmonia com os bens históricos no que sabemos ser o “Centro Histórico”. O que não pode ocorrer é a repetição do que aconteceu onde era a antiga Esportiva, ou seja, edifícios que não deveriam ser aprovados nem ser exemplos para outros.
A praça Governador Pedro de Toledo, a Praça da Matriz, que sempre foi caracterizada pelo uso democrático e livre, agora ganha características novas, novo desenho e até propostas como pintura do pavimento ou instalação de playground.
No entanto, o destino desse espaço sempre foi o de ser um lugar aberto, com pavimento contínuo, permitindo usos diversos, algo que se manteve durante praticamente todo o século XX. Mas desde os anos 1960, a praça vem passando por reformas que, cada vez mais, a distanciam de sua vocação original. A praça é do povo como o céu é do condor e sempre foi assim e que continue.
O projeto novo não passou por uma escuta ampla com a população. Escuta específica sobre o redesenho da praça, onde se levantassem as questões históricas e de memória, as demandas e sugestões para depois, sim, criar diretrizes de redesenho e abrir um concurso público pelo IAB departamento de São Paulo que fosse analisado por um júri capacitado.
Seria necessário uma reunião com os arquitetos para entenderem o projeto e oferecerem um parecer conjunto ao prefeito. Incrível que toda essa consulta, por esse tempo, tenha sido extremamente útil para a elaboração de um projeto já pronto para realização que se apoia em exemplos que são ruins ou inadequados, como transformar a Praça da Matriz em outro lugar.
Até aqui ótimas ações serão bem-vindas, mas o redesenho está longe de ser o melhor. É preciso se espelhar no Governo do Estado e na Prefeitura de São Paulo quando abrem concursos para resolver as mesmas questões que aqui serão resolvidas de outra forma.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista
Comentários
1 Comentários
-
YEDA SALLES PENTEADO SANDOVAL 13/09/2025As mudanças para melhorar nossa cidade são sempre bem-vindas e desejadas. Mas também sempre com a orientação de arquitetos e urbanistas que são os profissionais qualificados nesse assunto.