OPINIÃO

Que venham mais santos 


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O mundo precisa de mais santos. Existem ainda – e não são poucos – aqueles que fazem de sua passagem por esta Terra um caminho de bondade, servindo aos outros mais do que a si mesmos. Porém, fomos acostumados a reconhecer a santidade somente após a formalização ritual que passa pelo reconhecimento da Igreja.

Há um procedimento bastante severo para que se leve algum mortal à honra dos altares. O Brasil tem 173 processos em andamento e quem administra o trâmite é a Comissão Especial das Causas dos Santos da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

É preciso que todos os leigos também se interessem para que as causas de precípuo interesse brasileiro tenham mais articulação e cheguem a termo, permitindo o culto a seres humanos que são exemplos a serem seguidos.

Quando celebrou a missa de beatificação de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, São João Paulo II, em 18.10.1991, em Florianópolis, nos conclamou a isso: “O Brasil precisa de santos, de muitos santos! A santidade é a prova mais clara, mais convincente, da vitalidade da Igreja em todos os tempos e em todos os lugares. Que o exemplo de Madre Paulina possa inspirar a todos uma resposta decidida, generosa, ao chamado de Cristo à santidade!”.

Nós, de Jundiaí, temos algo que deveria nos motivar a todos: fazer com que o processo de Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, nosso primeiro bispo, caminhasse mais rapidamente. Tive o privilégio de conviver com Dom Gabriel que, ao chegar em 1967, apresentado por Dom Agnelo Rossi, foi descrito já como alguém predestinado. Dom Agnelo disse: “Trago para a diocese de Jundiaí o máximo de espírito num mínimo corporal!”. Isso porque o carmelita Dom Gabriel, franzino e frágil, já perdera um pulmão.

Mas ninguém poderia acreditar que aquela estrutura tão reduzida, quase esquelética, pudesse evidenciar o fervor de sua fé. Transfigurava-se quando fazia suas prédicas. Seu sorriso era a injeção de ânimo para que todos se devotassem, com entusiasmo, à causa cristã. Movimentos como os Cursilhos da Cristandade e Treinamento de Liderança Cristã contavam com sua presença forte e estimulante. Sobretudo, era uma pessoa afável, simpática, amorável e bondosa.

Hoje Dom Gabriel Paulino Bueno Couto é um Servo de Deus. Mas ainda precisa passar pela fase dos Veneráveis, depois chegar aos Bem-Aventurados para, finalmente, poder ser chamado Santo.

Já temos trinta e sete santos no Brasil: Santa Dulce dos Pobres, Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Santo Antonio de Sant’Ana Galvão, que tem familiares em Jundiaí: a família França Silveira, do Dr. Lavoisier, D. Hilda, Paulo Sérgio e Mariângela, pertence ao mesmo tronco. São José de Anchieta, Santos Roque Gonzalez, Afonso Rodrigues e João de Castilho, Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco Fero, Mateus Moreira e vinte e sete companheiros, que são os Protomártires do Brasil.

Na relação dos Bem-Aventurados, que são cinquenta e quatro, consta o nome do Padre Donizetti Tavares de Lima, que em Tambaú era considerado taumaturgo. Irmão de Chopin e de outros que os pais batizaram com nomes de músicos célebres. Dentre os veneráveis, está o advogado Franz de Castro Holzwarth e outros vinte e nove.

Há processos que caminham velozmente, como o de São José Maria Escrivá, o fundador da Opus Dei. Vamos contribuir para que o de Dom Gabriel também ganhe velocidade! Embora, para o Pai, o que importa mesmo é o que ele foi e o motivo pelo qual deve ser lembrado.

José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br) 


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