OPINIÃO

O efeito “pancadão” no seu cérebro


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O que você está fazendo neste exato momento?  Pare tudo. Como naquela brincadeira de criança em que alguém dava o comando: Estátua fica! E ninguém podia se mexer. Os 50+, 60+ irão se lembrar.

Agora, feche os olhos e sinta-se presente. O que você ouve? O silêncio... o barulho dos carros, da fábrica, das pessoas conversando... um sino tocando ao longe...ou talvez os pássaros ... ou vento soprando de leve?

Bem, seja lá onde estiver, há sons. Som é vibração e impacta diretamente o comportamento humano.

"A alma e o caráter das pessoas podem ser influenciados pela vibração da música. Platão falava sobre o poder do ritmo e da harmonia. Como são capazes de penetrar nas regiões mais íntimas da alma. Ele acreditava que diferentes tipos de música têm efeitos distintos sobre as emoções e comportamentos.” Os estudos da Profa. Lúcia Helena Galvão contemplam estas afirmações. Segundo a filósofa, cada música que você escuta gera um impacto em nosso padrão vibratório, que pode ser positivo ou negativo e interfere no seu estado emocional, humor, produtividade e bem-estar geral.

Por exemplo, a música clássica é associada à calma e à concentração favorecendo a elevação do padrão vibratório, promovendo um estado mental mais sereno, diz o estudo da professora Lúcia. Os gêneros como pop, dance ou reggae podem elevar o humor e aumentar a energia. Essas músicas costumam ter batidas rápidas e letras positivas, que podem impulsionar a motivação e promover uma sensação de felicidade. Os sons da natureza ou música ambiental são ótimos para relaxamento e meditação. Ajuda a reduzir o estresse e na recuperação emocional, criando um ambiente favorável para introspecção. As músicas folclóricas ou tradicionais podem evocar sentimentos de pertencimento e identidade cultural, elevando o padrão vibratório ao conectar as pessoas com suas raízes e tradições. Ritmos repetitivos podem induzir estados alterados de consciência, demonstra a pesquisa.

Recentemente, outros experimentos que submeteram indivíduos a ruídos contínuos de baixa frequência - aqueles graves característicos de estilos como o “pancadão” -, tiveram queda significativa de concentração e maior carga mental. Os estudos indicaram interferência nas funções cognitivas superiores, como memória, atenção e raciocínio lógico. Essas vibrações penetram nos sistemas fisiológicos causando prejuízo ao sono, alteram batimentos cardíacos, modificam padrões de atenção e, quando crônicas, podem comprometer o aprendizado.

A abundância sonora a qual estamos submetidos diuturnamente pode comprometer nossa qualidade de vida. A Organização Mundial da Saúde reconhece que a exposição noturna ao ruído prejudica o sono profundo e, em crianças, compromete a capacidade de leitura e compreensão. Imaginem, então, nos ambientes urbanos onde festas e pancadões invadem a madrugada. A interrupção do sono impacta diretamente a memória, a concentração e a saúde mental.

Platão já advertia que canções desordenadas ou licenciosas poderiam gerar cidadãos desequilibrados, enquanto a música harmoniosa educa para a virtude. Não se trata de demonizar gêneros musicais, mas de compreender que o conteúdo poético aliado ao formato sonoro influencia emoções, comportamentos e até escolhas coletivas.  A ciência atual comprova que música e ruído moldam nossa cognição, saúde e relações. E você? Qual gênero musical tem ouvido ultimamente?

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

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