2025 está sendo especial para nossa Igreja particular. Celebramos os 300 anos do encontro da imagem do Senhor Bom Jesus, encontrado por pescadores às margens do rio Tietê, no atual município de Pirapora do Bom Jesus, parte importante da nossa história, de nossa diocese. A singela imagem, encontrada em 1725, tornou-se símbolo da fé de um povo e sinal da presença de Cristo que se manifesta na história, na simplicidade e na confiança dos pequenos.
Esta imagem carrega em si um significado muito importante: Jesus se deixa encontrar na vida do povo! Ele não se faz distante, reduzido ao embaraço de nossas teorias ou disputas ideológicas. Assim, mais do que celebrar uma data festiva para nossa diocese, somos chamados a ampliar os horizontes de uma teologia que emerge da realidade, das lutas e desafios, do suor cotidiano e das alegrias surpreendentes que nosso povo faz brotar.
Inspirado por essa memória viva, tive a graça de realizar, junto aos diáconos Leonardo Prado e Bruno Medraño, uma visita missionária à Diocese de Roraima. Iniciamos por Boa Vista, onde fomos fraternalmente acolhidos por Dom Evaristo Pascoal Spengler. Ali visitamos a Rádio Católica, a sede da Cáritas, a casa de acolhida para migrantes coordenada pelas irmãs scalabrinianas, além da Paróquia Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, onde atua o padre Edmilson, de nossa diocese. Celebramos com comunidades e conhecemos realidades de evangelização desafiadoras e profundamente vivas.
Seguindo depois para o sul do estado, visitando comunidades em Caroebe e São João da Baliza, vi de perto o testemunho de padres que, mesmo diante das distâncias e limitações, mantêm acesa a chama da missão. Trata-se de uma vocação vivida na intensidade do amor feito doação de si, traduzida em renúncia e testemunhada com coragem. Somos gratos por poder contar com o serviço generoso desses irmãos presbíteros e diáconos chamados a celebrar a fé unidos ao povo de Roraima. Renovado pela força do Espírito que nos impulsiona, pude enviar oficialmente os nossos diáconos à missão, gesto que reforça nosso compromisso com uma Igreja em saída.
Assim como há três séculos a imagem do Bom Jesus foi encontrada como sinal de fé e esperança, também hoje somos chamados a encontrar Cristo no povo, nos pobres, nas periferias da vida. Precisamos renovar as intenções de uma Igreja servidora e humilde, que não se fixa apenas nos grandes templos, mas sabe se fazer presente na missão concreta do dia a dia, permitindo que Cristo alcance os corações mais distantes.
Que este jubileu nos anime a viver com renovado ardor missionário, atentos aos apelos do Senhor que continua a caminhar entre nós. Ele habita nossas margens e não podemos deixá-lo passar despercebido.
Dom Arnaldo Carvalheiro Neto é Bispo Diocesano de Jundiaí