OPINIÃO

Patrimônio imaterial de Jundiaí 


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No seu registro, a história da tradicional Ponte São João, berço de imigrantes italianos, que a valorosa colônia ali hospedada, adormecia sempre com um elevado sonho. Sonho dourado que levasse, “além viaduto”, a sua identidade musical, sublime herança deixada pelos seus antepassados.

Alegres, divertidos e com um forte sentimento religioso, estes reverentes italianos não admitiam a ausência de  uma banda musical, para acompanhar suas santas procissões.

O então italianíssimo sacerdote, inveterado amante da música, padre Ângelo Cremonti, tomou a iniciativa e abraçou a ideia do músico João de Deus Rodrigues. Com eles, se juntaram os pioneiros Osvaldo Bárbaro, Orlando Pirani, Antonio Mietto, Fioravante Zampolli, Antonio Ferigatto, Domingos do Amaral, Moisés Tomazzi, Antonio Lumazini e o maestro Elias Cavedal.

Assim nasceu a Banda da Ponte, ou da Igreja, ou do Padre, para se tornar, nos dias de hoje, na notável Banda São João Batista.

Com o apoio do vereador Auçônio Tozetto foi cedido espaço para uma pequena sede. A despeito das tantas dificuldades encontradas para não silenciar seus instrumentos, seu itinerário musical está marcado por pontos de conquistas marcantes.

Duas belas apresentações na Rádio Record de São Paulo, no famoso programa “Bandas de todo o Brasil”. Abrilhantou o XII Festival de Inverno de Campos de Jordão, sob a batuta do maestro Geraldo Ceccato. Sagrou-se campeã do projeto “Vamos bagunçar o Coreto”, na cidade de Campinas, em disputa com 14 bandas da região. Gravou, em 1987, seu primeiro disco. No ano da graça de 1997, tornou-se internacional.

Participação com louvor, na 8ª Convenção Bandiitica em Besana in Brianza, na gloriosa Itália. Faz sucesso na divisa com o Uruguai, no aniversário da cidade de Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Em 2005, volta a gravar, com o Coral Schola Cantorum, o brilhante “Hinos da Cidade”. Em meados de junho de 2009 a sua conquista maior, a inauguração da sonhada sede própria. Ali reunido com aqueles bravos músicos, e olhando com ternura pelo recinto e emocionado, convenci-me, intimamente, do sucesso e da glória desta corporação musical.

Berço de artísticos músicos, estes muitas vezes conservando seus próprios instrumentos, nunca se deixou vencer pelos modismos de época. Enfrentou-os com a mesma santa força de seu nascimento e hoje nos honra e envaidece. Parte relevante do patrimônio cultural e histórico de Jundiaí, que tem como atual presidente Jair Alves de Souza e o magnifico maestro Janssen Felicano. Este patrimônio, muitas vezes alienado das expectativas da vida moderna, ainda assim se transforma em uma das mais populares manifestações da cultura nacional. Onde havia um coreto, existia uma bandinha, orgulho da cidade. Mas continuamos modernos, sempre com a tradicional banda São João Batista.

Considerada um patrimônio imaterial da cidade, continua de geração em geração, são 68 anos tocando coisas do amor. Como escreveu o filósofo, sem música, a vida seria um erro. Vida longa a nossa querida Banda São João Batista.

Guaraci Alvarenga é advogado (guaraci.alvarenga@yahoo.com.br)

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