Neste ano de COP30, inúmeras entidades realizam ações conscientizadoras de que as emergências climáticas merecem atenção maior do que governo e sociedade lhes reservam. Um exemplo admirável é o que faz a Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, sob a presidência do Desembargador Artur Marques da Silva Filho.
Ao iniciar a Semana do Meio Ambiente, o Presidente da AFPESP realizou um evento que mostrou a preocupação da entidade com a natureza. Convidou o ambientalista Fábio Feldmann, de legendária participação na Constituinte que, em 1988, produziu o artigo 225 da Constituição da República, o mais belo dispositivo fundante elaborado no Século XX.
Fábio está nessa luta de preservação desde a década de setenta. Permanentemente atualizado, está aflito com o retrocesso – até principiológico – da nação que tinha tudo para exercer a liderança ecológica no planeta.
Como tem feito há meio século, conclamou a sociedade civil a exercer um heroico protagonismo, a fim de que se cumpra a vontade constituinte, que representou aquela intenção do único titular da soberania, o povo brasileiro.
A AFPESP publicou um roteiro bastante elucidativo, justamente chamado “Panorama Sustentável: onde estamos e para onde vamos”. Ao apresentar o bem elaborado volume, Artur Marques da Silva Filho afirma que “a sustentabilidade não é uma escolha, mas uma necessidade urgente”. Explicita a vocação ambientalista da Associação que reúne milhares de servidores públicos e demonstra que ela vem cuidando com apuro dos treze cursos d’água em suas unidades, dos onze lagos, onze nascentes e duas fontes. Para a preservação, foram entregues trinta poços artesianos e funcionam dois sistemas de água de reuso.
Tratamento de esgoto próprio garante o tratamento de 75.768 milhões de litros e 810.312 metros quadrados de área verde se distribuem na proporção de 36% voluntariamente preservada, 34,5% de APP – Área de Preservação Permanente e 29,5% de reserva legal.
Com a finalidade de criar uma consciência preservacionista, foram catalogadas 202 espécies de árvores nas unidades providas de áreas verdes, dentre as quais o Clube de Campo Vinhedo, a unidade de Amparo, Lindoia, Serra Negra e Socorro, a sede em Campos do Jordão e a Fazenda de Ibirá.
Cento e noventa e cinco espécies da fauna brasileira do Bioma da Mata Atlântica já foram encontrados nos espaços mantidos pela AFPESP, que também não descuida da destinação de resíduos sólidos, um dos grandes problemas mundiais.
Pensando no desperdício de alimento manipulado, que tem sido objeto de advertência nas COPs realizadas pela ONU, a Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo realiza a campanha “Sabor Consciente, Desperdício Zero”. Ela faz com que associados e frequentadores das inúmeras e aprazíveis sedes reflitam antes de se servirem e de não desperdiçar comida.
Um diferencial da entidade presidida pelo jundiaiense Artur Marques da Silva Filho, cuja atuação no Poder Judiciário é por todos reconhecida, é o convite ao apóstolo da ecologia Gilberto Natalini para ser Coordenador da área ecológica da AFPESP. Muitos planos em plena execução, assim como o projeto “Raízes do Futuro”, em parceria com a Associação Ambientalista Copaíba, que prevê a recuperação de duzentos mil metros quadrados na Unidade de Lazer de Serra Negra, com o plantio de mais de 30 mil árvores nativas da Mata Atlântica.
Essa vocação altruísta deveria ser imitada por outras associações. O que está em causa é a própria sobrevivência da Humanidade.
José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)